Toque de Midas
A operação da Polícia Federal envolveu Eike Batista, proprietário de um conglomerado de empresas nas áreas de mineração, siderurgia e energia.
O que foi
- No dia 11 de julho, a PF revistou a empresa MMX, que atua em mineração e siderurgia, e a casa do empresário Eike Batista, no Rio, e realizou outros nove mandados de busca e apreensão no Pará e no Amapá. Durante a ação, foram apreendidos documentos e discos rígidos, mas ninguém foi levado à prisão.
As suspeitas
- A PF apurou irregularidades na licitação da Estrada de Ferro do Amapá, que liga a região mineradora da Serra do Navio até o porto de Santana, ambos controlados pela MMX.
- A licitação da ferrovia, realizada em 2006, teria sido negociada entre a MMX e o governo do Amapá. Segundo a PF, foram incluídas cláusulas no processo licitatório que só a MMX teria condições de atender.
- A MMX e o governo do Amapá negam qualquer irregularidade na concessão da ferrovia.
O vazamento
- Após a operação, a PF abriu inquérito sobre o suposto vazamento da informação de que a MMX seria alvo de uma operação policial.
- A suspeita surgiu quando a MMX solicitou o acesso aos autos do processo à PF do Amapá, antes de a operação ser deflagrada. A empresa diz que fez o pedido em virtude de "rumores' sobre a operação.
- Por conta da suspeita, a Toque de Midas foi antecipada em uma semana. O inquérito apura se o vazamento partiu da PF, do Ministério Público Federal ou da Justiça Federal.
O nome
- Toque de Midas é uma alusão ao Rei da Mitologia Grega que transformava em ouro tudo aquilo que tocava. Alguns especialistas no setor de mineiração desconfiavam do rápido enriquecimento do empresário Eike Batista. O diretor da PF Romero Menezes, preso ontem, era um dos responsáveis pela investigação.
A Polícia Federal (PF) prendeu ontem o diretor-executivo e segundo homem na hierarquia da instituição, Romero Menezes, acusado de usar seu prestígio político para favorecer o irmão, José Gomes de Menezes Júnior, em licitações no Amapá e no Pará. O irmão do delegado também foi preso. Ele é dono de uma empresa que presta serviços de limpeza e pretendia entrar também no ramo de vigilância.
A voz de prisão foi dada pelo próprio diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa. "Tchê, tenho péssimas notícias", disse Corrêa ao colega. A frase, impregnada de sotaque gaúcho, revela uma longa amizade entre o diretor-geral da PF e Romero Menezes.
É a primeira vez que um diretor-executivo da Polícia Federal é preso. Acima dele estava apenas Corrêa. A prisão foi um desdobramento da Operação Toque de Midas, que ocorreu em julho deste ano e que investiga indícios de que empresas do empresário Eike Batista podem ter infrigido a lei de licitações durante processo de concessão de uma estrada de ferro no Amapá. A empresa de José Menezes estaria entre as investigadas por irregularidades.
A prisão do diretor executivo foi pedida pelo Ministério Público Federal de Roraima. Para o MP, existem indícios que Romero teria favorecido funcionários da EBX, de propriedade de Eike, e da empresa dirigida pelo irmão dele. A PF não tinha divulgado até o início da noite o nome do terceiro preso na operação.
Romero, que pediu afastamento do cargo, prestou depoimento na sede da PF, em Brasília, e sua prisão é temporária. Segundo Corrêa, será temporária apenas para evitar qualquer interferência na coleta de provas.
No momento da prisão, às 9h50, no gabinete do diretor-geral, estavam presentes os diretores Daniel Lorenz (Inteligência) e Roberto Trocom (Crime Organizado).
A diretoria executiva da PF será ocupada interinamente por Trocom. Os policiais também fizeram busca e apreensão de documentos no gabinete, na casa de Romero Menezes, e em uma sala da Secretaria Nacional de Segurança Pública, no Ministério da Justiça.
A prisão
Corrêa definiu a prisão do auxiliar e amigo de décadas como "um dos atos mais constrangedores e desconfortáveis" da sua vida. "Me poupem dos detalhes", pediu, ao relatar o fato a outros delegados. Policial experiente, conhecido por sua frieza, Menezes não mexeu um músculo ao receber a voz de prisão Perguntou onde deveria assinar, esticou a mão para pegar o papel e disse que estava absolutamente tranqüilo quanto à investigação.
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