Em minoria no Congresso Nacional, a oposição ao atual governo federal tem apresentado dificuldades em articular posições políticas, carece de um programa econômico e político alternativo para o país e tem atuado de maneira tímida diante do desempenho da administração da presidente Dilma Rousseff.
A avaliação é de cientistas políticos, segundo os quais partidos como PSDB e DEM não têm conseguido, de maneira eficiente, esclarecer e reverberar as suas posições e críticas na sociedade. O professor de Filosofia Política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Roberto Romano lembra que, na história recente do país, a oposição quase sempre foi minoria no Congresso Nacional, mas considera que nunca foi tão dramática a sensação de sua inexistência como na atualidade.
Para ele, a votação do senador Pedro Taques (PDT-MT) ao comando do Senado Federal, inferior à anunciada dias antes por lideranças da oposição, mostra que, nos últimos tempos, ela assumiu o "realismo" como "arma de negociação política".
O analista político avalia que a oposição tem tido uma posição dúbia desde o início do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sobretudo em Segundo ele, pelo governo do PT ter dado continuidade à política econômica do governo anterior, a oposição adotou uma espécie de "fidelidade canina" a uma política que imaginou ser a mesma conduzida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, tornando-se "refém de si mesma".
"Em troca de um cargo na mesa do Senado Federal, eles traíram, em sigilo, a palavra de ordem oposicionista. Essa oposição não diz a que veio, ela não tem uma alternativa de curto, médio e longo prazos para a economia do Brasil. A oposição nunca foi tão insignificante do ponto de vista político e legal como neste momento", afirma.
O cientista político e professor do Insper Humberto Dantas avalia que falta à oposição ao governo federal capacidade de articular posições e se comunicar com a sociedade de maneira eficiente. Ele considera que no Congresso Nacional membros da oposição têm colocado os interesses fisiológicos à frente da lógica oposicionista. Segundo ele, no primeiro ano da presidente Dilma Rousseff, a taxa de adesão no PSDB ao governo federal era de quase 20%. No segundo ano, o mesmo índice passou para cerca de 40%.
"O fisiologismo e as estratégias de curto prazo se sobrepõem à lógica de oposição. Os partidos efetivamente estão negociando as suas posições com o governo federal e esperando que uma catástrofe ocorra para tomar o poder novamente", diz.
O cientista político e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) Luiz Jorge Werneck avalia que a oposição está sem um programa alternativo para se contrapor ao atual governo federal. Segundo ele, ela ainda não formatou uma agenda que faça sentido tanto para ela mesma como para a sociedade.