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Rio (AG) – O homem que mais vende livros no Brasil prega um pouco de organização na permanente orgia em que vive o país. Para a missão, escala o ministro Antônio Palocci, que, assim, "teria de deixar a Fazenda". A palavra orgia, no plural, batiza a coletânea de crônicas de Luis Fernando Verissimo, que está sendo lançada pela Objetiva. Nesta entrevista ele bate no presidente Luiz Inácio Lula da Silva por causa da obsessão com o superávit primário, mas enxerga vantagens na desilusão com o PT. "Uma das maneiras de não perder a esperança é estar sempre disposto a se desiludir", ensina apostando que "de ilusão em ilusão" o Brasil e os brasileiros chegarão a algum lugar, "ou nossos netos chegarão".

O Brasil é mesmo uma orgia que precisa de organização? Ou é o caso de radicalizar na bandalheira?Acho necessário um mínimo de método, até na loucura.

Como organizar essa nossa? Quem deve ser o encarregado da tarefa?O Palocci. Assim ele terá que deixar o Ministério da Fazenda.

Muitos leitores acham que o senhor está desencantado com o governo Lula. Ele deve ser eleito novamente?Meu desencanto vem desde o começo, quando anunciaram que a prioridade seria duplicar o superávit primário. Não votei no Lula para duplicar o superávit primário.

Tentamos um sociólogo e agora um operário. Chegou a hora de um técnico de futebol no poder? Se o Parreira ganhar o hexa, o "caminho natural", como dizem os políticos, é o Planalto?Prefiro o Felipão. Mas espera aí, o Felipão defende o Pinochet. Esquece, esquece.

A política brasileira "é assim mesmo" (como repetem vários petistas) ou existe um modo de fazer diferente?O PT prometeu que faria diferente, e não fez. Mas uma das maneiras de não perder a esperança é estar sempre disposto a se desiludir. De ilusão em ilusão a gente chegará a algum lugar. Ou nossos netos chegarão.

O senhor acredita na existência do mensalão?A alternativa que resta qual é: não acreditar no Roberto Jefferson? Impensável.

Qual é o presente de Natal ideal para os brasileiros (além, claro, do seu livro)?Dois livros meus.

É chocante ouvir de petistas frases como "Caixa dois não é novidade, todo mundo faz"?Todo mundo fez. Só que fez com mais cuidado do que o PT. E era gente fina, que falava português corretamente, o que já era meio caminho andado para o perdão.

Palocci ou Dilma?Dilma.

A crise da esquerda no mundo inteiro e a do governo Lula, em particular, geraram no Brasil o que Chico Buarque chamou, meses atrás, de "direitismo de salão". As pessoas parecem gostar de quem adota essa atitude. O senhor concorda com ele? Ser conservador está na moda?A reacionarada está em alta. Tudo bem. É a vez deles.

A gripe do frango, o Bush, o PIB e, para completar, um argentino como melhor jogador do Brasileiro: é castigo demais ou nós fizemos por merecer?E ainda por cima, a Jacqueline Bisset envelheceu!

Com a pancadaria nos banlieus, a idéia de que "nós sempre teremos Paris" também caiu por terra? Até isso?Paris continua lá, de pé. Só tremendo um pouco.

A Velhinha de Taubaté continua morta? Diante dos fatos recentes, ela mandou alguma mensagem do além? Há possibilidade de ressurreição?Parece que guardaram o DNA dela, para uma ocasião mais feliz.

Por fim I: e o Internacional, hein?Pois é. Depois a gente fala em separar o Rio Grande do Sul do Brasil e nos chamam de radicais.

Por fim II: e o Grêmio, hein?Quem?

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