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Manifestantes no plenário da Assembleia: pressão para que propostas do governo não avancem | Brunno Covello/ Gazeta do Povo
Manifestantes no plenário da Assembleia: pressão para que propostas do governo não avancem| Foto: Brunno Covello/ Gazeta do Povo
  • Barracas foram instaladas nos corredores
  • Teve quem dormiu na parte de fora do Legislativo
  • Chimarrão e conversas
  • Improviso para escovar os dentes em pleno plenário
  • Leitura como passa-tempo

A chegada de uma fanfarra que tocou marchinhas de carnaval foi a prova definitiva – se é que alguma prova ainda se fazia necessária – de que o dia de ontem foi completamente atípico para o plenário da Assembleia Legislativa. Nas seis décadas em que o Legislativo funciona em sua atual sede, no Centro Cívico, não se tem notícia de que uma bandinha tenha desfilado por ali cantando letras irônicas contra o ocupante do palácio vizinho, o Iguaçu. Para tudo há uma primeira vez.

Talvez tenha sido a primeira vez também que alguém tenha servido marmitas em plenário. A imagem comum para quem passa pelo local é a de garçons em roupas de gala e bandejas elegantes servindo os 54 deputados. Ontem, era a fila da quentinha que se via. Afinal, os cerca de 5 mil manifestantes que se revezavam no plenário desde terça-feira precisavam comer.

Os organizadores avisavam: não era preciso se estapear, empurrar nem correr porque havia para todo mundo. Mais tarde ainda chegariam carregamentos de esfirras e de maçãs – o mais perto de uma sobremesa a circular pelo local. Durante o dia, também houve rodinhas de chimarrão.

A rotina de ontem nada tinha do conforto típico de um dia dos deputados. Durante as sessões, além dos garçons, há outros funcionários garantindo que todas as necessidades de suas excelências sejam atendidas. Ontem, tudo era mais modesto. A limpeza era feita com lenços umedecidos. Escovar os dentes era uma operação improvisada.

E só foi possível não passar maiores apertos porque o movimento conseguiu banheiros químicos para quem passou o dia por lá. Mesmo assim, houve quem preferisse não usar o que estava disponível – os banheiros já nem estavam em "condições de uso", e mesmo assim as filas eram grandes.

O conforto também foi reduzido porque o ar-condicionado e a luz foram desligados durante parte do dia. O calor era insuportável. Os mais cansados se jogavam no chão em qualquer lugar e dormiam – embaixo das poltronas de couro, nos corredores, onde fosse. À noite, a APP-Sindicato, dos professores estaduais, cadastrou 3,5 mil pessoas para passar mais uma noite por lá.

Policiais

Se os manifestantes precisaram se preocupar com todo o resto, pelo menos dessa vez não tiveram de ter medo da polícia. Ao contrário do que ocorreu em outras vezes em que a Assembleia foi ocupada, o clima entre policiais e populares era tranquilo. Os policiais ganharam bombons e, em certo momento, chegaram a ser aplaudidos pela postura que mantiveram. Os manifestantes cogitavam que o fato de os PMs serem funcionários do mesmo governo e estarem passando também por problemas teria ajudado no bom relacionamento.

Nem o mandado de reintegração de posse conseguido pela direção do Legislativo foi um problema. O presidente da Assembleia, Ademar Traiano (PSDB), decidiu não usar, pelo menos por enquanto, o direito de tirar as pessoas à força do prédio. E embora tenham sido notificados já na madrugada de terça para quarta-feira, tudo indica que os manifestantes vão permanecer na Casa.

Veja as imagens da ocupação

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