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Sustentação

PMDB e PSD têm espaço garantido

PMDB e PSD são partidos com presença garantida no ministério da presidente Dilma Rousseff em seu segundo mandato. Presente em todos os governos desde a redemocratização do país, o PMDB tem o vice-presidente, Michel Temer, e elegeu 66 deputados para a próxima legislatura. São seis parlamentares a menos, mas será a segunda maior bancada da Casa, atrás apenas do PT, com 70.

Na semana passada, parte dos peemedebistas se uniu à oposição e ajudou a aprovar o projeto que derrubou o decreto da presidente Dilma Rousseff sobre a participação popular. Os governistas atribuíram a ação ao "descontentamento" do presidente da Câmara, o peemedebista Henrique Eduardo Alves, que perdeu a disputa pelo governo do Rio Grande do Norte para Robinson Faria (PSD), apoiado por Dilma.

Doacir Quadros, professor de Ciência Política do grupo Uninter, avalia que Alves se qualifica para ocupar um ministério. "Entendo que [Alves] possa surgir como um possível ministro. Seria uma forma de procurar apagar a campanha, em que a presidente Dilma de fato não demonstrou apoio a ele."

Já o PSD do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab deve ganhar mais espaço no segundo mandato de Dilma. Atualmente, o partido tem Guilherme Afif Domingos na Secretaria de Micro e Pequena Empresa. O nome mais forte é o do próprio Kassab, que perdeu a eleição para o Senado e se manteve fiel a Dilma. Ele é cotado para o ministro das Cidades ou do Trabalho.

Outro nome praticamente certo no governo é o da senadora peemedebista Kátia Abreu (TO). Ligada ao agronegócio e presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a parlamentar fazia oposição ao governo Lula, mas se aproximou do governo com Dilma e apoiou a reeleição da presidente.

Outro com boas chances de ocupar um ministério a partir de 2015 é o ex-governador do Ceará Cid Gomes. Irmão do ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes, aliado de Lula desde o primeiro mandato presidencial do petista, Cid deixou o PSB, que rompeu com o governo federal para lançar a candidatura de Eduardo Campos à Presidência, e seguiu para o recém-criado Pros. Ele é cotado para assumir o Ministério da Educação.

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Passada a eleição mais acirrada desde a redemocratização do país, a presidente Dilma Rousseff começa a enfrentar um novo desafio: montar um complicado quebra-cabeças e formar uma nova equipe de ministros para seu segundo mandato. Dilma terá de conciliar as necessidades do país a agendas do governo e também abrir espaço para aliados que apoiaram sua reeleição. Segundo fontes ligadas ao Palácio do Planalto, a presidente não deverá anunciar a reforma ministerial antes do fim de novembro.

INFOGRÁFICO: Veja os nomes que aparecem com força para a formação da nova equipe de ministros

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Desde já, alguns nomes ganham força. O petista Jaques Wagner, ex-governador da Bahia, é visto como um bom articulador – característica que pode levá-lo às Relações Institucionais ou à Casa Civil, já que a tendência é de acirramento nas relações entre o governo e o Congresso. Wagner saiu com moral das eleições: depois de dois mandatos como governador, elegeu seu sucessor, Rui Costa (PT), no primeiro turno. Além disso, no segundo turno, Dilma obteve 70% dos votos válidos no estado, resultado considerado fundamental para a reeleição.

Outros petistas que devem ocupar postos-chave no segundo mandato de Dilma são Aloizio Mercadante e Ricardo Berzoini, que já estão no governo. Berzoini é o atual ministro das Relações Institucionais, mas nos bastidores especula-se que ele poderá ocupar a pasta das Comunicações. Sua principal atribuição seria levar adianta a regulamentação da mídia, uma das bandeiras do PT. Mercadante, economista por formação, pode rumar da Casa Civil para a Fazenda ou o Planejamento.

"São nomes fortes dentro do PT e com um bom trânsito entre os demais partidos", comenta um petista que prefere não se identificar. "Podem aparecer alguns nomes de estados que foram fundamentais para a vitória da Dilma, como Minas Gerais. Eu apostaria que alguém de Minas será contemplado."

"PT de Londrina"

Os paranaenses que estão no governo podem deixar o Planalto ou ser remanejados. Ligado ao ex-presidente Lula e interlocutor dos movimentos sociais, o secretário geral da Presidência, Gilberto Carvalho, é visto como uma "sombra" de Dilma e pode se transferir para o Instituto Lula. Outro com futuro incerto é o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Ele é do chamado "PT de Londrina", grupo que teve o nome de um de seus integrantes, o deputado federal André Vargas, ligado ao do doleiro Alberto Youssef, preso na operação Lava Jato da Polícia Federal. Vargas se desfilou do partido. A senadora Gleisi Hoffmann, esposa de Bernardo e que deixou a Casa Civil neste ano para concorrer ao governo do Paraná, já adiantou que deverá permanecer no Senado.

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Outro petista avalia que Dilma não deverá ceder às pressões para definir logo a equipe. "Pelo que conheço da Dilma, depois de quatro anos de governo, acho que antes do fim de novembro não sai nada. Ela trabalha com um grupo muito discreto", comenta. O petista aposta em um nome: Juca Ferreira, atualmente secretário municipal de Cultura de São Paulo, deverá voltar ao Ministério da Cultura. "O Juca ajudou muito na campanha", diz. Ferreira foi ministro da Cultura no segundo mandato de Lula e neste ano ajudou a escrever o programa de governo de Dilma.