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Croqui do novo projeto do metrô para Curitiba: mais de três décadas depois, finalmente o trem subterrâneo pode sair do papel e passar funcionar | Reprodução: Ippuc
Croqui do novo projeto do metrô para Curitiba: mais de três décadas depois, finalmente o trem subterrâneo pode sair do papel e passar funcionar| Foto: Reprodução: Ippuc

Licitação

Obra deverá ser tocada pelo prefeito eleito

O projeto de construção do metrô tem pouca chance de sair do papel ainda nesta gestão. Inicialmente prevista para agosto, a licitação foi adiada em função de uma adequação necessária da legislação municipal para acompanhar um decreto federal que flexibiliza o pagamento para a empresa executora. A prefeitura tem tentado agilizar o processo, mas a licitação deve obedecer prazos antes do início da obra.

Se antes a empresa precisava se comprometer com R$ 2,3 bilhões de forma imediata para a construção, com a nova lei a parceira privada ganhadora da licitação poderá pagar ao poder público a cada etapa concluída, o que abre possibilidade de um número maior de empresas participantes. Dessa forma caberá ao prefeito eleito a execução desse projeto, ou a sua mudança, já que entre os candidatos diversos falam em estudar a melhor tecnologia.

Se a nova gestão resolver levar adiante o atual plano, a primeira etapa deve ter 14,2 quilômetros com 13 estações, ligando a CIC ao centro da cidade. Deve transportar 400 mil usuários, com 18 trens, que substituirão 110 ônibus que rodam nas canaletas. No lugar delas está projetada a construção de um parque linear.

Deu na Gazeta

2000: Depois de estudar outros projetos, o Ippuc avaliava se era melhor construir metrô ou canaleta de ônibus na atual BR-116, atual Linha Verde.

2004: Número de passageiros do transporte coletivo havia diminuído em 9% em dois anos. Um dos motivos era a maior facilidade para comprar carros.

2008: Metrô era um dos assuntos principais da campanha à prefeitura, mas governo federal ainda não tinha previsão de repassar recursos para a obra.

Saiba

Veja quais são as propostas dos candidatos para a área de transporte coletivo

No dia 3 de setembro de 2000, a Gazeta do Povo publicou uma reportagem noticiando que a prefeitura de Curitiba estudava substituir a implantação do metrô por uma nova linha de ônibus. Existia dúvida se o novo modal seria a melhor solução. A primeira vez que o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) estudou a implantação do metrô foi em 1975. De lá para cá, diversos projetos foram estudados como solução para a demanda do transporte coletivo, mas nenhum saiu do papel.

Apesar de considerar o metrô como solução inevitável para a atual situação, o urbanista Luiz Henrique Fragomeni diz que, por um lado, Curitiba teve sorte de não ter optado pelo metrô na década de 70, pois teria investido muito. E a solução encontrada, com corredores estruturais, deu conta da demanda. Tanto que acabou sendo uma ideia copiada. "Curitiba ficou conhecida no mundo inteiro pela solução encontrada e, então, tomou-se uma posição política de não se discutir mais o metrô, pois seria negar o sucesso do sistema", comenta Fragomeni, que foi presidente do Ippuc entre 2006 e 2007.

Em 1990, durante a terceira gestão de Jaime Lerner na prefeitura, a ideia foi retomada. A intenção era construir uma linha Norte-Sul, no mesmo itinerário da linha Santa Cândida-Capão Raso, sob a canaleta exclusiva de ônibus. O projeto foi abandonado por decisão do prefeito seguinte.

Em 2000 a dúvida era se valia a pena construir uma linha de metrô no trecho urbano da BR-116, hoje Linha Verde, entre o Pinheirinho e Atuba, ou criar um novo eixo de ônibus biarticulado. Por ser ano de eleição, a prefeitura decidiu, na época, que não tomaria uma atitude naquele ano já que o próximo prefeito poderia escolher outra solução para o transporte coletivo da cidade. Em 2001, após a reeleição de Cassio Taniguchi, o então prefeito anunciou a construção de um metrô elevado, com inauguração prevista para 2006. Mas houve dificuldade de conseguir financiamento. Em 2007, o projeto foi retomado, inclusive com a publicação de um edital. Porém, não chegou à fase de propostas, pois uma liminar concedida em 2008 interrompeu o processo. Em 2009 a liminar foi revogada e o processo, retomado.

PAC da Copa

A Copa do Mundo de 2014, que terá como uma das cidades-sede Curitiba, deve tirar a construção do novo modal do papel. A decisão do governo federal de liberar R$ 1 bilhão a fundo perdido tornou a construção viável. Outros R$ 300 milhões serão financiados pelo governo estadual e R$ 450 milhões, pelo município. Uma parceria público-privada (PPP) irá completar os R$ 500 milhões restantes. Na opinião do professor de Engenharia de Tráfego Pedro Akishino, da UFPR, somente esse eixo não vai resolver o problema do transporte público da cidade. Será preciso estudar eixos de transporte a serem priorizados e criar a integração entre metrô e ônibus para que o sistema atinja toda a cidade. "O metrô, uma vez iniciado, nunca termina de ser feito. Mesmo em cidades como Paris continuam construindo uma linha após a outra." Em Curitiba, a maior complicação para o metrô é que o terreno é um brejo e construir de forma subterrânea encarece o projeto, explica Akishino.

Fragomeni defende que o projeto do metrô seja de vanguarda, da mesma forma que foi o sistema de transporte coletivo na década de 70. A solução atual, segundo o urbanista, é muito convencional. Ele diz que deveriam ser priorizadas a construção de linhas para a região metropolitana, pois a população ao redor de Curitiba cresce mais do que a capital e demandará, cada vez mais, o transporte coletivo da sede. "É fato que temos de melhorar o sistema. O ônibus gera desconforto e, se existe uma evolução do transporte coletivo, ela precisa ser usada. Mas creio que os órgãos financiadores esperam mais de Curitiba; esperam projetos mais inteligentes, propostas mais criativas", diz.

Rio tem avaliação melhor no setor

O estudo "Estado das cidades da América Latina e do Caribe 2012 – Rumo a uma nova transição urbana", divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em agosto, apontou Curitiba como uma cidade referência no transporte. Porém, o Rio de Janeiro teve a melhor avaliação em mobilidade urbana. Curitiba foi elogiada como a criadora dos BRTs (corredores exclusivos para o transporte coletivo), modelo copiado por outros países.

O relatório se baseou em uma pesquisa da Corporação Andina de Fomento (CAF), em 15 cidades de nove países da América Latina de 2007. A avaliação positiva do Rio de Janeiro ocorreu porque o estudo mostrou que 82% do deslocamento naquela cidade era feito por transporte coletivo, bicicleta e a pé. O dado é relativo a 2007, quando, segundo o estudo, em Curitiba 28% dos deslocamentos eram feitos por transporte coletivo pela população. Em compensação, cerca de 40% era feito a pé ou por bicicleta.

Exportação

Entre as cidades que adotaram o modelo de corredores exclusivos de transporte coletivo estão Bogotá, Buenos Aires, Cidade do México, Montevidéu, Quito e Santiago do Chile.

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