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O futuro do “anão” nas urnas

Dilma, Aécio e Eduardo Campos têm divergências em relação à política externa. Governo do PT é criticado por “politização”

Dilma Rousseff (à esq.): diplomacia à esquerda; Aécio Neves (centro): aproximação com os EUA; Eduardo Campos (à dir.): política externa é mistério | Roberto Stuckert Filho; George Gianni / PSDB; Divulgação / PSB
Dilma Rousseff (à esq.): diplomacia à esquerda; Aécio Neves (centro): aproximação com os EUA; Eduardo Campos (à dir.): política externa é mistério (Foto: Roberto Stuckert Filho; George Gianni / PSDB; Divulgação / PSB)

Chamado de "anão diplomático" por Israel, o Brasil tem opções distintas para o futuro das relações exteriores entre os três principais candidatos a presidente. O tema ganhou apelo popular na agenda eleitoral com a realização da Copa do Mundo e o programa Mais Médicos. Por ele, passam divergências ideológicas marcantes entre Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).

Desde a gestão Lula, o Itamaraty sofre com críticas à politização da diplomacia e a preferência por países governados por militantes de esquerda. "Lula manteve uma postura internacional mais assertiva, que incluía uma estratégia de confronto com os Estados Unidos e, por outro lado, a aproximação ao bolivarianismo e até de regimes ditatoriais como Síria, Irã e Líbia", descreve Alberto Pfeiffer, do Grupo de Análise da Conjuntura Internacional da Universidade de São Paulo.

Embalado pelo bom momento econômico, o ex-presidente se esforçou para reforçar o papel brasileiro em organismos multilaterais, como a Organização das Nações Unidas, a União de Nações Sul-Americanas e na consolidação dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Também vestiu a camisa para atrair para Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.

A situação mudou com Dilma. "Passamos por um decréscimo do ativismo internacional do Brasil, que ficou reduzido aos nossos vizinhos latinos e quase sempre limitado a uma pauta negativa", diz Pfeiffer. Em 2012, o Brasil liderou o apoio à suspensão do Paraguai do Mercosul devido à destituição do ex-presidente Fernando Lugo.

No ano passado, um funcionário do corpo diplomático brasileiro na Bolívia ajudou a tirar do país o senador Roger Pinto Molina, alvo de 20 processos por corrupção na Justiça boliviana. O episódio provocou a saída do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota.

Cuba também esteve no centro das prioridades. Primeiro, com a atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no financiamento de US$ 802 milhões a empresas brasileiras lideradas pela Odebrecht para obras no porto de Mariel. Depois, com o polêmico acordo para a atração de profissionais cubanos para o Mais Médicos.

Se por um lado o programa, que atende 50 milhões de brasileiros, virou uma bandeira positiva para Dilma, a relação com o governo de Cuba, que destina aos médicos apenas 20% do que recebe do Brasil, é alvo de constantes ataques da oposição. Aécio já declarou que pretende mudar as regras. "Há uma divergência ideológica nesse caso, mas o tiro do PSDB tem grande chance de sair pela culatra", afirma o professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Argemiro Procópio.

"Acredito que, com Aécio, a certeza é de que haveria uma reaproximação com os Estados Unidos. Melhoraria uma relação que nunca esteve tão ruim nos últimos 30 anos", avalia Pfeiffer. Há incertezas sobre como seria uma gestão Campos, mas as apostas são de uma reinserção do Brasil como protagonista da agenda de sustentabilidade, graças ao perfil da vice, Marina Silva. O candidato é o único que não traz detalhes para a política de relações exteriores no programa de governo apresentado à Justiça Eleitoral.

Para Procópio, há equívocos sobre a forma como o tema é abordado no debate eleitoral. "O Brasil é um país muito voltado para sim mesmo e, por isso, as relações internacionais acabam pesando muito pouco. É uma pena, porque isso reduz a importância do nosso papel econômico no exterior."

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