Ao lançar quatro programas para atendimento de crianças e adolescentes de famílias pobres, batizado de PAC da Criança, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se antecipou aos críticos e assegurou que o governo não pretende "ser pai nem mãe de ninguém". Diante de uma uma platéia de crianças e adolescentes, falou das dificuldades que enfrentou na vida, como as três derrotas seguidas na disputa da Presidência da República, citou os exemplos de dois ex-internos da Febem que estavam na cerimônia - um deles hoje é vigilante e outro é professor da USP - e disse ter consciência de que não vai corrigir todos os problemas do país em dois mandatos.

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- Nós não vamos recuperar os prejuízos causados a este país em apenas quatro ou oito anos, vai levar algumas décadas para a gente recuperar. O que é importante é que a gente construa juntos. O que é importante é que vocês olhem para o governo e percebam que o governo não vai resolver todos os problemas, mas não é alheio aos problemas de vocês. O governo não quer ser pai nem mãe, o governo quer ser apenas o indutor de políticas públicas que possam ser aquela esperança, que possam ser aquela chance que vocês esperam na vida - discursou o presidente.

Dirigindo-se os dois ex-internos da Febem, segundo ele exemplo aos demais, o presidente disse que todo mundo nasce com um "diabinho" e um "anjo" e que é preciso ter força de vontade para não se render às drogas.

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- Eles tinham tudo para não dar cento. Todo ser humano nasce com um diabinho puxando a gente para fazer coisa ruim, de um lado, e um anjo puxando a gente para fazer coisa boa, do outro. Muitas vezes, a gente cede para aquele que oferece mais facilidade para a gente e, certamente, a droga oferece facilidade, porque ela te oferece o esquecimento dos problemas quando, na verdade, você não tem que esquecê-los, você tem que enfrentá-los, derrotá-los e se tornar um vencedor nessa luta cotidiana - disse.

Lembrando que amanhã é Dia da Criança, o presidente disse que muitas das que estavam ali na cerimônia, como ele próprio na infância, não vão ganhar presente, mas pediu força e perseverança a elas e que não deixem de estudar para que tenham um futuro melhor.

- Não pode se entregar, se não está bem na escola, vamos estudar, vamos dedicar uma hora de estudo. Não estou pedindo para passar o dia inteiro estudando. Podem brincar, relaxem, namorem, mas dediquem algumas horas para estudar sério porque o que vocês não estudarem agora, vocês vão se arrepender quando estiverem mais idosos e precisarem procurar o mercado de trabalho.

O programa vai destinar R$ 2,9 bilhões para ações como a construção de 26 unidades de internação para menores infratores até 2010, que terão capacidade para 90 meninos. O governo vai destinar, até o fim do segundo mandato, R$ 1.500 para cada uma das 40 mil famílias pobres que têm filhos em abrigos.