Algum dia entre maio e dezembro de 2005: o então deputado federal paranaense José Janene (PP) visita a sede da Procuradoria da República do Paraná, localizada à época na Rua XV de Novembro, centro de Curitiba. Convencido pela então esposa, Stael Fernanda, e auxiliado pelo amigo Alberto Youssef, ele contaria aos procuradores como funcionava o esquema do mensalão, cujas denúncias começavam a rechear as páginas dos jornais e revistas. “Estava tudo combinado: ele ia entregar todo mundo, o esquema todo. Aí ele chegou lá e achou que o procurador foi arrogante, virou as costas, deu um ‘piti’ e foi embora”, conta Stael.
A primeira eleição
Dois anos depois da aproximação com Antonio Belinati, José Janene já havia ampliado o leque de negócios ilícitos com a prefeitura de Londrina e municípios da região. Ele mantinha, com a ajuda dos irmãos Faiçal e Assad, desde contratos com concessionárias de veículos até o aluguel de arquibancadas para eventos.
Leia a matéria completaO episódio resume bem o perfil do empresário que ganhou visibilidade na política como pivô de um dos maiores casos de corrupção do país. “O Zé [Janene] era assim: me ame ou me odeie”, diz a mulher. “Ele se impunha pelo poder, pelo jeito de agir e era arrojado quando desviava dinheiro. Quem queria enriquecer se aproximava dele e ficava sob o guarda-chuva dele”, afirma o promotor do Ministério Público do Paraná Claudio Esteves, um dos primeiros a investigar as atividades ilícitas do ex-deputado, morto em 2010. “Vou ser curto e grosso: o Janene mandou no Brasil por mais de um ano”, conta um ex-funcionário do parlamentar, que pediu para não ser identificado.
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Leia a matéria completaFoi em Londrina que Janene passou de empresário do ramo da iluminação pública, que mantinha contratos com prefeituras da região, a político. A aproximação se deu em 1988, quando o radialista Antonio Belinati buscava um financiador para a campanha a um segundo mandato de prefeito. “Foi um casamento perfeito. Um tinha o dinheiro e outro, a fala. Mas a conta veio depois”, aponta um político local. A “conta”, segundo ele, viria em indicações de confiança do empresário na prefeitura para assegurar – e superfaturar – contratos com a administração pública.
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