O início da nova legislatura, a partir de quinta-feira, será um momento de reflexão para o PMDB. A bancada do partido vai para o próximo mandato desunida. Um dos motivos é a derrota de Nereu Moura, atual primeiro-secretário da Assembléia Legislativa, e Caíto Quintana, ex-chefe da Casa Civil, que disputaram o direito de concorrer à presidência da Assembléia, mas foram barrados pelo próprio partido. A maioria dos peemedebistas resolveu aderir à candidatura de Nélson Justus (PFL).
Muitos parlamentares alegam que ficaram decepcionados com Moura e Quintana pelo fato de eles terem utilizados seus cargos de destaque em benefício próprio. O primeiro-secretário é o responsável pelo controle da verba do Legislativo, que em 2006 teve um orçamento de R$ 180 milhões. E o chefe da Casa Civil é quem despacha com o governador e trabalha por liberações de obras e verbas que beneficiem bases eleitorais dos deputados.
Nereu Moura admite ter saído desgastado do processo de escolha do presidente, mas afirma que o momento é de reconstrução. "É um partido grande e complexo. O PMDB tem de se estudar e refletir."
Como o senhor avalia o seu trabalho como primeiro-secretário da Assembléia nos últimos quatro anos?
Como bom. Infelizmente faltou alguma ação, mas não por falta de vontade, como a instalação da TV Assembléia, que está parada por causa da Justiça (um participante da licitação não aceitou o resultado). O problema é que no nosso parlamento há uma singularidade enorme. São 54 patrões e ninguém é chefe de ninguém. É difícil administrar. Não há consenso e os interesses pessoais e partidários existem. O jogo é difícil de ser equilibrado. Mas fizemos o plano de carreira dos funcionários, começamos com a informatização da Casa e leiloamos a frota de veículos que servia aos deputados.
O senhor queria ser candidato a presidente do Legislativo e não conseguiu. Nem o PMDB o apoiou. O que houve? O senhor não faz nem parte da Mesa Diretora nesta nova disputa?
O único cargo que me interessava era o de presidente. Houve fatores políticos que me derrubaram da disputa. Não fico triste porque não sou apegado a cargos. Mas fico chateado porque o PMDB tem a maior bancada e abriu mão de ter o presidente. Desde 1986 não fazemos tantos deputados do partido. Serão 16 nesta legislatura. E foi a população do Paraná, pelas urnas, que nos delegou tal poder. O partido sequer discutiu o assunto. Atropelou. É um partido grande e complexo. O PMDB tem de se estudar e refletir.
Por que o governador Roberto Requião (PMDB) não trabalhou por um nome peemedebista?
Ele sempre agiu assim. Nunca interferiu nessa situação da disputa pela presidência da Assembléia Legislativa.
Mas ele poderia ter ajudado a sua candidatura?
Se o Requião tivesse participado do processo, poderia ter mudado a situação. Se ele tivesse chamado para si a situação, ajudaria.
O PMDB está mesmo desunido?
O PMDB é um partido com muitas lideranças antigas. Hoje o governo tem maioria na Casa. Mas não é fácil administrar uma bancada como a do PMDB. O partido pode até vir a ser um atrapalho para o governo. E o Requião tem dado um espaço expressivo e muita preferência para o PT, o que tem desagradado a muitos deputados peemedebistas. O PT tem só seis deputados, sendo um de oposição, que é o Tadeu Veneri. O PMDB tem 16 e a pacificação é difícil. (CCL)
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