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Lula, durante inauguração de escola técnica no Rio Grande do Norte, minimizou a crise interna no PT e criticou adversários: “A oposição é pior do que doença que não tem cura” | Ricardo Stuckert/Presidência
Lula, durante inauguração de escola técnica no Rio Grande do Norte, minimizou a crise interna no PT e criticou adversários: “A oposição é pior do que doença que não tem cura”| Foto: Ricardo Stuckert/Presidência

Bancada já perdeu quatro senadores desde 2002

A bancada do PT perdeu quatro senadores desde a eleição de 2002, quando foram eleitos os senadores cujos mandatos terminam em 2011. Nesta semana, a senadora Marina Silva (AC) anunciou que, após 30 anos de militância, deixa o PT com a possibilidade de ser candidata à presidência do Senado pelo PV. Ao mesmo tempo, o senador Flávio Arns (PR) expressou a vontade de sair do partido, para concorrer nas próximas eleições por outro partido. No momento em que a Justiça Eleitoral confirmar as duas desistências, o PT contará com apenas 10 senadores.

Marina Silva foi ministra do Meio Ambiente do governo Lula durante seis anos, mas, em carta encaminhada ao presidente do partido, Ricardo Berzoini, a senadora alega que "faltaram condições políticas para avançar no campo da visão estratégica, ou seja, de fazer a questão ambiental alojar-se no coração do governo e do conjunto das políticas públicas".

Flávio Arns, por sua vez, anunciou que abandonará o partido ontem, logo após reunião do Conselho de Ética, na qual os senadores arquivaram onze ações movidas contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Segundo o senador, foi "vergonhosa" a decisão do PT de ajudar José Sarney, engavetando as ações.

Em 2005, durante o escândalo do Mensalão, o senador Cristovam Buarque (DF), hoje filiado ao PDT, também desembarcou do partido. Na mesma época a ex-senadora Heloísa Helena (AL), atualmente vereadora de Maceió pelo PSol, deixou o partido. Apesar das baixas, o PT continua tendo a quarta maior bancada no Senado, atrás do PMDB (19 senadores), DEM (14) e PSDB (12).

Ipanguaçu (RN) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, que apesar das baixas no partido e do racha entre lideranças petistas, a legenda que ajudou a fundar continua "forte, com muitas possibilidades". Mas a tentativa de Lula em colocar panos quentes sobre o conflito interno por causa do apoio ao arquivamento das representações contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), não evitou que o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), líder do partido na Casa, deixasse o cargo. Para o seu lugar foi escolhido o senador João Pedro (PT-AM), que é suplente do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento.

O líder petista entrou em divergência com senadores da sigla na crise que envolve Sarney. Mercadante deveria se reunir ontem à noite com Lula para falar sobre sua decisão de deixar a liderança do partido. Ele pretendia anunciar sua saída nesta quinta-feira. O adiamento, segundo a assessoria do senador, foi necessário porque Lula o chamou para uma conversa, mas o horário de retorno do presidente, que estava no Rio Grande do Norte, a Brasília não havia sido confirmado.

"Encrencado"

Em entrevista a rádios do Rio Grande do Norte, Lula disse aceitar a saída da senadora Marina Silva (AC) do partido e afirmou que o senador Flávio Arns (PR), que anunciou quarta-feira a intenção de deixar o PT, sempre foi "muito encrencado" com a legenda.

"Marina foi minha ministra até quando quis. Se a pessoa quer sair do partido, não está confortável, é um direito", disse o presidente. "Se ela quis fazer uma opção e não me procurou para conversar, estava com a opção feita." Lula afirmou que sua relação com a senadora continuará a mesma. "Continuo gostando dela, achando um quadro extraordinário."

Ainda no Rio Grande do Norte, o presidente voltou a criticar o comportamento dos políticos de oposição ao governo. "A oposição é pior do que doença que não tem cura", disse em discurso para estudantes, na inauguração de uma escola técnica federal em Ipanguaçu (RN).

Parceria do presidente com PMDB tem custo alto para petistas

Se a parceria com o PMDB é considerada decisiva pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para um bom resultado nas eleições de 2010, seu custo para o PT tem sido alto. Desde que, no início do ano, Lula resolveu bancar a parceria preferencial com o PMDB em troca da possibilidade de coligação em torno da candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, cada triunfo político dos peemedebistas têm produzido um resultado amargo para os petistas, dentro dessa relação.

Apenas com a perspectiva de fechar a aliança eleitoral com o PT, os peemedebistas já conseguiram claras vantagens. O primeiro e mais nítido triunfo foi obter o controle político do Congresso. Nos últimos anos, nenhum partido comandava simultaneamente Câmara e Senado, justamente para não acumular tanta força. Com apoio de Lula, porém, o PMDB conseguiu eleger Michel Temer (PMDB-SP) e José Sarney (PMDB-AP) para as presidências de Câmara e Senado, respectivamente.

No caso do Senado, a situação foi pior porque a bancada petista chegou a lançar uma candidatura própria, com o senador Tião Viana (PT-AC). Apesar disso, Lula defendeu abertamente a candidatura de Sarney e trabalhou para que ele fosse eleito, derrotando o nome apoiado pelos senadores de seu partido.

O peso da aliança com o PMDB provocou outro estrago grave para os senadores petistas. Eles foram obrigados por Lula e pelo presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP), a defenderem Sarney das acusações que sofreu por suposto envolvimento em irregularidades. A bancada petista chegou a fechar uma posição pública defendendo a abertura de investigação contra Sarney dentro do Conselho de Ética.

Apesar disso, Lula e o PT instruíram que o partido desse seus três votos dentro do Conselho a favor do arquivamento de todos os pedidos de investigação, contrariando a decisão da bancada. O saldo dessa pressão foi o anúncio da desfiliação do senador Flávio Arns (PR), a aceleração da ida da senadora Marina Silva (AC) para o PV e a predisposição do líder da bancada, Aloizio Mercadante (SP) de abandonar seu posto.

Para o PMDB, no sentido inverso, essa movimentação foi um sucesso. Graças aos votos petistas serviram para blindar Sarney na condição de presidente do Senado. Sem esse apoio, o senador teria que passar por investigação no Conselho e colocaria em risco sua posição de presidente da Casa.

Além disso, nos últimos meses, o PMDB conseguiu fortalecer ainda mais sua participação na gestão de áreas estratégicas dentro do governo. Desde que foi nomeado ministro de Minas e Energia, o senador Edison Lobão (PMDB-MA) só aumentou sua participação na discussão sobre a exploração de petróleo na camada do pré-sal.

Por sua influência, o PMDB conseguiu emplacar na semana passada o peemedebista José Lima de Andrade na presidência da BR Distribuidora, no lugar do petista José Eduardo Dutra, que deixou o comando da estatal para disputar a presidência nacional do PT. O problema é que os petistas desejavam fazer a sucessão de Dutra e manter sua hegemonia na empresa, mas não tiveram força política para derrotar a indicação feita pelo PMDB.

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