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Menos de dois anos depois do mensalão, o governador petista da Bahia, Jaques Wagner, avalia que o principal desafio do PT é se fortalecer para a sucessão presidencial em 2010, quando pela primeira vez não terá o presidente Luiz Inácio Lula da Silva candidato.

Ex-ministro de Lula e estrela ascendente no PT, Wagner se recusou a assinar documento do ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, que na versão inicial criticava a ''corrupção programática'' nas direções petistas.

``O voto popular deu a ressurreição do PT, mas fomos eleitos para fazer mais pelo povo e não para ficarmos nos imolando em praça pública'', disse Wagner em entrevista à Reuters.

Mencionado em todas as listas de possíveis candidatos do PT ao Planalto -junto com a ministra Dilma Rousseff e a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy-, Wagner recusa a indicação dizendo que tem ``de cuidar da Bahia''. Esse debate deve esquentar depois das eleições municipais de 2008.

``O problema não vai ser a falta do Lula como candidato, mas a disputa interna que vai haver para escolher o candidato'', antecipa Wagner.

Para o governador baiano, o PT deve considerar também a possibilidade de aliados como os governadores de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), além do ex-ministro Ciro Gomes (PSB), todos amigos de Lula, serem lançados dentro da base governista.

``O presidente Lula vai influir, mas não vai impor um nome ao PT'', acrescentou.

Wagner foi um dos principais articuladores da aliança PT-PMDB, que elegeu o petista Arlindo Chinaglia (SP) presidente da Câmara, derrotando Aldo Rebelo, do bloco PCdoB-PSB-PDT. A candidatura de Chinaglia foi lançada à revelia de Lula, que não conseguiu evitar a disputa em sua base.

``O PT saberá definir seus caminhos na hora certa. Não existe um lulismo, pelo menos no PT'', afirmou.

Wagner é o anfitrião da festa de 27 anos do PT, nesta sexta-feira em Salvador, com a presença do presidente Lula. Será também a abertura do 3o Encontro Nacional do partido.

ANISTIA

Para Jaques Wagner, a eleição de cinco governadores e de uma grande bancada na Câmara não significa que ``tenha sido decretada a anistia ou o perdão dos pecados do PT''. O resultado mostra, porém, que o partido ``não foi condenado à morte como muitos esperavam.''

``O eleitor nos deu uma segunda chance, porque acha que produzimos mais benefícios do que prejuízos, mas também nos avisou para não cometermos mais erros como os que foram cometidos'', disse o governador. Em dezembro de 2005, a Procuradoria-Geral da República denunciou 40 pessoas, na maioria políticos do PT e de partidos aliados, por formação de quadrilha e corrupção. O ex-presidente do PT José Dirceu foi cassado pela Câmara.

Wagner está entre os petistas que consideram a campanha pela anistia de Dirceu ``justa'', mas inoportuna para o partido e para o governo.

Mesmo tendo criticado a antiga direção petista, ligada a Dirceu, Wagner recusa a tese da ``refundação do PT'', pregada por Genro e pela corrente trotsquista ``Democracia Socialista'', que pretendem formar uma nova maioria no partido.

``O partido vai precisar de um tempo para fermentar a legitimidade de suas instâncias, não é uma ruptura repentina que vai resolver certos dilemas pessoais'', disse Wagner.

Para o governador, a questão ética, proposta como tema central na primeira versão do texto de Tarso, ``é precondição para o exercício da vida pública'', mas não é um atributo exclusivo de partidos da esquerda ou da direita.

``Não acredito que só exista gente honesta na esquerda ou que não haja honestidade fora dela. Não será o PT nem outro partido que dará atestado de idoneidade a ninguém'', afirmou.

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