Brasil e Japão. Há muito mais do que meia volta ao planeta separando os dois países. Até nos casos de suspeita de corrupção nas duas nações as cifras envolvidas são muito diferentes. Enquanto entre os japoneses os escândalos giram no máximo na casa dos milhares, no caso brasileiro os valores facilmente ultrapassam o milhão.
LAVA JATO: Acompanhe as notícias sobre a Operação
Nesta semana, um escândalo de corrupção causou a renúncia do então ministro da Economia do Japão, Akira Amari. Ele renunciou por ser suspeito de receber um suborno equivalente a R$ 415 mil de uma empresa de construção.
Quase ao mesmo tempo, a Operação Lava Jato levantou suspeitas sobre o possível uso de apartamentos no Guarujá (SP) para pagar propina ou lavar dinheiro do esquema na Petrobras. Um dos imóveis do condomínio investigado, um triplex avaliado em R$ 1,5 milhão, pertenceria à família do ex-presidente Lula. Já o lobista Julio Camargo afirmou ter emprestado 113 vezes um jatinho para quitar uma dívida de R$ 1 milhão com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
O triplex que seria dos Lula, embora oficialmente não esteja no nome dele ou de familiares, foi declarado na prestação de contas do ex-presidente à Justiça Eleitoral quando ele concorreu à reeleição, em 2006. Mas por um valor bem abaixo do que realmente valeria: R$ 47 mil. Somente a reforma do triplex, segundo pessoas ouvidas pelo Ministério Público, teria custado mais de R$ 700 mil. Lula nega qualquer irregularidade.
No caso de Dirceu, o ex-ministro voou nos jatos do lobista Julio Camargo 113 vezes entre 2010 e 2011. Camargo contou que bancou voos de Dirceu em jatinhos e que os custos desses voos eram abatidos de um saldo de R$ 1 milhão de propina que o ex-ministro teria a receber referente à Petrobras. O ex-ministro teria recebido outros R$ 3 milhões em dinheiro vivo, segundo Camargo. Dirceu é acusado ainda de ter recebido ao todo R$ 11,8 milhões de propina da Petrobras.
Dirceu também nega envolvimento com o esquema de corrupção na Petrobras.
Atitudes
O comportamento também é muito diferente entre brasileiros e japoneses envolvidos em suspeitas de corrupção. No caso japonês, o ex-ministro Amari negou ter cometido irregularidades, mas reconheceu ter aceitado dinheiro como doação política. Mesmo assim, renunciou e se desculpou com a população. No Brasil, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), é acusado de ter recebido R$ 5 milhões em propina em espécie e mais R$ 300 mil em horas de voo. Cunha nega as irregularidades e já disse que não pretende renunciar nem à presidência da Casa nem ao mandato de deputado.
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