Brasília (AE) Os quinze minutos mais disputados do Congresso Nacional atualmente são aqueles a que têm direito os titulares das CPIs, nos depoimentos de suspeitos e testemunhas que são transmitidos ao vivo pela TV Senado. Para os suplentes, são cinco minutos. Existem ainda os "não-membros", que falam por último, já altas horas da noite, por apenas três minutos, em geral usados para muito discurso e poucas perguntas.
O sucesso de público das transmissões não está, com certeza, apenas no fato de que a população quer acompanhar de perto a avalanche de denúncias envolvendo figuras importantes do governo do PT e de partidos aliados. Os parlamentares, além de investigar, brigam, xingam, fazem piadas e provocações. Na semana que passou, a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) não resistiu quando o deputado pefelista Antônio Carlos Magalhães Neto (BA) comentou que acordava cedo e dormia tarde, estudando documentos.
"A base do governo também dorme tarde, mas porque fica na safadeza e nas orgias", provocou a ex-petista, expulsa do partido em dezembro de 2003. A brincadeira aconteceu na CPI dos Correios, onde era ouvido o genro do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), Marcos Vinícius Vasconcelos Ferreira.
Na véspera, durante depoimento do ex-deputado Valdemar Costa Neto na vizinha CPI do Mensalão, o deputado Vladimir Costa (PMDB-PA) foi quase um consultor sentimental. Ao falar sobre as denúncias feita pela ex-mulher de Costa Neto, Maria Cristina Mendes Caldeira, ouviu do presidente do PL que, depois da separação, tinham ficado "muitas mágoas". O parlamentar quis saber: "Quem sabe o senhor ainda não é apaixonado, ainda não tem um amorzinho por ela?" O depoente respondeu: "Gostei dela, tanto que era casado com ela".
Foi o deputado petista Devanir Ribeiro (SP), porém, quem mais provocou risos na platéia. Ao falar sobre os vencimentos dos parlamentares, ele disse: "Nós recebíamos quinzenalmente, agora recebemos mensalmente." Em tempos de denúncia de mensalão, esclareceu, rapidamente: "O salário, o salário".
A CPI com menos espaço na televisão é a dos Bingos, porque ouve depoimentos de muitos técnicos, advogados, procuradores. Não é à toa que são os depoimentos mais rápidos. Na semana passada, porém, a CPI dos Bingos foi a campeã de audiência, com o depoimento de Rogério Buratti, ex-assessor do ministro Antônio Palocci.