Na cerimônia de lançamento da Campanha Nacional de Combate à Corrupção Eleitoral, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, acusou o governo de explorar sistematicamente a miséria brasileira. Ao lado do presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Geraldo Majella Agnelo, Busato disse que governo e sociedade precisam trabalhar pela construção de uma vida digna para sua população para evitar a compra de votos entre os setores mais pobres da população.
- A exploração da miséria não vai levar esse país a nada e enquanto não tivermos essa perspectiva de vida digna, estaremos caminhando para o caos social. Caos que está se solidificando nos subúrbios das grandes cidades, como em diversos pontos do campo brasileiro, produzindo situações que envergonham a nação brasileira, como o trabalho escravo, o crime organizado que subjuga a sociedade brasileira, confrontando um modelo de um governo desorganizado - afirmou.
Busato disse que a OAB e outras entidades devem aproveitar a campanha para protestar e interferir contra práticas eleitoreiras que levam à persistência da exploração da miséria.
- É difícil reverter a curto prazo esse processo, mas não é mais possível o país persistir nesse caminho. O governo precisa entender que não vai levar esse país ao primeiro mundo com uma população do terceiro. Ou nós vamos todos juntos para o primeiro mundo, ou nunca sairemos dessa calamitosa experiência que estamos vivendo hoje - disse Busato.
O presidente da OAB citou o próprio presidente Lula como um exemplo de luta pessoal por uma vida digna.
- Lula, quando saiu do interior de Pernambuco, saiu em busca de um emprego digno, e obteve esse emprego digno chegando a torneiro mecânico de uma grande empresa. Portanto, ele não foi atrás de uma bolsa-família, ou atrás de alguma exploração da miséria, mas sim em busca de uma vida mais digna. E é para isso que temos que nos voltar, para a construção da perspectiva de uma vida melhor e mais digna.
Dom Geraldo Majella disse que as denúncias de corrupção divulgadas desde o ano passado vêm deixando a sociedade decepcionada e desanimada com a política brasileira. Diante disso, ele conclamou a sociedade a votar conscientemente nas eleições, lembrando que a democracia supõe um processo lento de aprendizagem e amadurecimento, tanto para mandatários quanto para eleitores.
- Quero reafirmar a importância do voto consciente. É necessário conhecer a trajetória de vida dos candidatos para escolher em quem votar. É preciso conhecer também as propostas e idéias que defendem. E depois dessa reflexão e do voto com responsabilidade, é preciso também acompanhar o mandato dos eleitos, colaborando e cobrando o cumprimento dos compromissos de campanha - disse o religioso.
No lançamento do movimento, que conta com o apoio de 17 outras entidades da sociedade civil, dom Geraldo Majella defendeu a importância de uma reforma política que garanta ao país mais igualdade na disputa eleitoral, sem interferência do poder econômico.
- Enquanto a reforma política não vem, façamos a nossa parte, como sociedade civil.
A OAB colocará à disposição suas 27 seccionais e a CNBB, suas 10.480 paróquias, dando sustentação logística à campanha. O candidato que tiver práticas irregulares denunciadas aos comitês poderá ter seu registro cancelado ou, depois de eleito, seu diploma cassado. A parceria entre OAB e CNBB será realizada pela quarta vez na história, nas próximas eleições presidenciais.
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