Responsável por fechar nove dos 17 acordos de delação premiada de investigados com o Ministério Público, ela renunciou a todos os clientes na semana passada e teria decidido viver em Miami (EUA).| Foto: /

A Ordem dos Advogados do Brasil ingressou no Supremo Tribunal Federal com pedido para que a advogada Beatriz Catta Preta não tenha que prestar esclarecimentos à CPI da Petrobras na Câmara sobre origem de honorários recebidos de clientes investigados por participação no esquema de corrupção da Petrobras.

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Responsável por fechar nove dos 17 acordos de delação premiada de investigados com o Ministério Público, ela renunciou a todos os clientes na semana passada e teria decidido viver em Miami (EUA).

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Há algumas semanas, a CPI da Petrobras decidiu convocá-la para prestar esclarecimentos. O requerimento de convocação de Catta Preta foi apresentado pelo deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), acusado por outro réu, o doleiro Alberto Yousseff, de agir na CPI como “pau-mandado” do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O parlamentar nega e diz que age por conta própria.

A OAB pede que o STF conceda decisão provisória (liminar) para que ela não tenha que falar sobre os honorários. O caso será analisado pelo presidente do STF, Ricardo Lewandowski, que responde pelo tribunal durante o recesso do Judiciário.

“O ato questionado, se mantido, configura ilegítimo atentado ao exercício regular da advocacia, ao direito de defesa e ao Estado Democrático de Direito, pois a autorização e convocação da advogada Beatriz Catta Preta para prestar depoimento sobre a origem de seus honorários acarreta ofensa à inviolabilidade do sigilo profissional assegurado ao advogado”, diz a ação da OAB.

“O investigado ou acusado criminalmente, o faz como contraprestação por um regular serviço realizado. Assim, não cabe ao referido profissional informar ao Estado sobre bens e valores movimentados por seus clientes, em respeito ao mencionado sigilo profissional. A origem dos honorários não é matéria sindicável, não é possível inspecioná-la, sob pena de ferir o direito do cidadão a uma defesa independente e altiva”, completou.

A entidade pede ainda que se for convocada pela CPI, a advogada possa permanecer em silêncio e que não seja obrigada a assinar o termo se comprometendo a dizer a verdade.

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Além da OAB, o Ministério Público e o juiz Sérgio Moro, que responde pelas investigações da Lava Jato no Paraná, se manifestaram contra a convocação de Catta Preta para a CPI.

Apesar das reações contrárias, o presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), afirmou nesta terça (28) que a convocação para o depoimento da advogada está mantida.

Entre as delações fechadas pela advogada, estão a do lobista Júlio Camargo, que citou pagamento de propina de US$ 5 milhões ao presidente da Câmara, e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e de suas duas filhas e dos dois genros.