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Ophir Cavalcante: aplicar a Lei da Anistia contra agentes do Estado que praticaram torturas não é revanchismo | Elza Fiúza/ABr
Ophir Cavalcante: aplicar a Lei da Anistia contra agentes do Estado que praticaram torturas não é revanchismo| Foto: Elza Fiúza/ABr

São Paulo e Rio de Janeiro - A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) lançou ontem, no Rio de Janeiro, campanha pela abertura dos arquivos da repressão política na ditadura militar. Em nota, o presidente nacional da instituição, Ophir Cavalcante, afirmou que a aplicação da Lei de Anistia contra agentes do Estado que praticaram torturas, sequestros e assassinatos durante o regime militar não é instrumento de revanchismo ou de vingança contra os militares. Ele espera, conforme a nota, que o Supremo Tribunal Federal (STF) interprete que a lei é aplicável somente aos crimes políticos.

Para Wadih Damous, presidente da seccional do Rio de Janeiro da entidade, o objetivo é atualizar as gerações mais novas sobre os crimes cometidos durante a ditadura. "Essa demanda é tão atual que há duas semanas dois generais da época do regime militar deram declarações dizendo que não houve perseguidos políticos no Brasil e que os que deixaram o país saíram fugidos, o que é uma grande mentira’’, afirmou, em comunicado à imprensa.

A Campanha pela Memó­­­ria e pela Verdade conta com a participação de seis atores que representaram militantes políticos desaparecidos em seis filmetes com previsão de veiculação em algumas emissoras de televisão e outras mídias. Nas peças publicitárias de 30 segundos cada, os artistas contam as histórias de alguns desaparecimentos, e a instituição pede adesões, via in­­­ternet, a um abaixo-assinado pela liberação do material arquivado no regime autoritário, que supostamente teria pistas dos ativistas que sumiram.

"Me chamo David Capistrano, sou jornalista e dirigente político. Em 1974, eu desapareci entre o Rio Grande do Sul e São Paulo. Minha família não soube mais de mim. Será que esta tortura não vai acabar?", diz, em um dos filmes, o ator José Mayer, com expressão grave e em cenário de fundo escuro. Também participam Glória Pires (representando Eleni Guariba, desaparecida em 1971), Mauro Mendonça (que vive Fernando Santa Cruz, sumido em 1974), Fernanda Monte­­­negro (Sônia de Moraes Angel, 1973), Osmar Prado (Maurício Grabois, 1973)e Eliane Giardini (Ana Rosa Kucinsky, 1974). Todos os "depoimentos" são en­­­cerrados pela expressão: "Será que esta tortura nunca vai acabar?"

Nenhum ator cobrou cachê, e a veiculação será gratuita, segundo Damous. Ainda não foram definidas a duração da campanha, nem a meta de assinaturas a serem conseguidas. "A gente vai deflagrar a campanha, analisar a receptividade e depois sentar para ver isso", disse o presidente da OAB-RJ, explicando que o objetivo é levar o abaixo- assinado ao presidente Luiz Iná­­cio Lula da Silva e ao Con­­gresso Nacional.

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