A Ordem dos Advogados do Brasil, seção São Paulo, (OAB-SP), suspendeu por 90 dias os advogados Sergio Wesley da Cunha e Maria Cristina de Souza Rachado, que advogam para detentos apontados como líderes do crime organizado em São Paulo. Neste período, os dois ficarão impedidos de atuar, sob pena de incorrer no crime de exercício ilegal da profissão. Foi aberto também processo disciplinar contra os dois, que poderão ter o registro profissional cassado.

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A suspensão foi decidida por unanimidade pelo Tribunal de Ética e Disciplina da OAB-SP, que se reuniu nesta segunda-feira.

Braz Martins Neto, presidente do Tribunal de Ética da OAB-SP, afirmou que há provas de que os dois advogados obtiveram de forma ilícita cópias do depoimento de policiais de São Paulo à CPI do Tráfico de Armas.

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- Nossa lei prevê que a suspensão preventiva cabe quando a conduta do advogado tenha se dado de forma que a imagem da advocacia como um todo seja maculada - afirmou Martins Neto.

Maria Cristina é advogada de Marcos Camacho, o Marcola. Sérgio Wesley da Cunha é advogado de um homem preso por tráfico de armas e que forneceria armamento ao bando de Marcola. Os dois advogados foram denunciados pela CPI do Tráfico de Armas sob acusação de terem comprado uma cópia do depoimento prestado pelo Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic) de São Paulo. Uma das cópias teria sido transmitida aos presídios, a pedido de Marcola, que está preso na Penitenciária de Presidente Bernardes e é apontado como o mandante dos atentados a São Paulo.

A gravação teria informações sobre a transferência de cerca de 700 presos da facção para penitenciárias de segurança-máxima, citado como o motivo dos ataques a São Paulo. Os mortos na semana de 12 a 20 de maio chegaram a 492.

Segundo Martins Neto, Maria Cristina e Sérgio vão responder a um processo ético, que deverá correr na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Brasília, pois foi lá que ocorreu o suposto suborno do funcionário da Câmara Arthur Vinícius Pilastre Silva.

Silva contou à CPI que Maria Cristina teria colocado R$ 200 no bolso dele depois de receber a cópia do CD e de terem ido juntos a um shopping de Brasília para que a gravação pudesse ser feita. A quantia a ser paga a ele, no entanto, seria maior, e deveria ser enviada depois.

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Na acareação na CPI do Tráfico de Armas, Silva manteve seu depoimento. Sérgio Wesley acusou Maria Cristina e devolveu uma das cópias do CD, que estava com ele. Maria Cristina não devolveu nenhuma cópia e, depois de começar um discurso em defesa de Marcola, acabou caindo em contradição e chorando.

Maria Cristina é mulher de um delegado da polícia paulista, que está sendo investigado e foi afastado do cargo. Ela é advogada de Marcola desde 1998.