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Saiba os bastidores da visita de Obama ao Brasil com o jornalista André Gonçalves:
Brasília - Grades, seguranças e uma distância de 300 metros isolaram as cerca de 350 pessoas que tentaram acompanhar a visita de Barack Obama ao Palácio do Planalto neste sábado (19). A maioria formada por famílias, turistas e curiosos ficou frustrada com o afastamento. A minoria de manifestantes contra a presença do norte-americano no Brasil também.
O acesso ficou limitado a uma barreira ao lado do edifício do Supremo Tribunal Federal. "Pelo menos a Praça dos Três Poderes tinha que ter ficado aberta. Eu, como brasileira, não sou obrigada a ficar longe de um espaço público por causa do presidente dos Estados Unidos", disse Ana Beatriz Serpa, 25 anos, militante do PSTU no Distrito Federal.
Na sexta-feira (18), dez colegas dela no partido haviam sido presos no Rio de Janeiro durante um protesto na embaixada norte-americana, quando um segurança foi ferido por um coquetel molotov. "Estamos estudando a possibilidade de um infiltrado ter feito aquilo. Nós somos de paz."
Neste sábado, a servidora pública carregava uma faixa que criticava a possível ação militar dos Estados Unidos na Líbia. Quinze metros à esquerda, o líbio Abdalla Al Hamdy, 47 anos, exibia uma faixa de conteúdo oposto. "A demora dos Estados Unidos em ajudar na revolução é no fundo uma ajuda a Muamar Kadafi", afirmou o árabe, que também criticou o fato de a presidente Dilma Rousseff ter ficado em silêncio sobre a revolta no país africano.
Aos poucos, Abdalla e sua surrada bandeira da Líbia foram chamando a atenção de outros árabes, que começaram a se aglomerar em volta dele egípcios e marroquinos, com mulheres vestidas com burca. Ninguém queria protestar contra Obama, o objetivo era chamar a atenção ou só contemplar a passagem do presidente.
Entre os brasileiros, o funcionário público Raimundo Setúbal, 79 anos, foi o que chegou mais cedo às redondezas do Planalto. "Cheguei às 7h30 para não pegar a Esplanada fechada. Sei bem como a banda toca quando um figurão desses passa por aqui", contou.
A maior parte das ruas da zona central de Brasília foi fechada às 8 horas e permaneceu assim enquanto Obama ficou na capital. Setúbal deu outra aula de precaução ao levar um binóculo. Graças a isso, foi um dos poucos que conseguiram enxergar o norte-americano subindo a rampa do palácio escoltado pelos dragões da independência.
"Moro em Brasília desde 1979 e sempre venho acompanhar a recepção dos grandes chefes de estado. As coisas mudaram muito. Nos bons tempos eu consegui até dar um tchauzinho para o Ronald Reagan e apertar a mão do François Miterrand", lembrou.
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