Projetado para fornecer infraestrutura ao esporte brasileiro nas diversas modalidades olímpicas e paraolímpicas, o Centro de Treinamento de Esportes de Alto Rendimento de Campos do Jordão, a 175 km de São Paulo, está longe de ficar pronto para servir de apoio na preparação de atletas para os jogos de 2014 e 2016. Apenas três pessoas trabalham na obra que deveria ser entregue no final de 2007, de acordo com nota do próprio Ministério do Esporte divulgada em 2006.

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Financiada com recursos do governo federal, por meio de convênio com o Ministério do Esporte e a prefeitura, a obra está paralisada desde 2007 por problemas com as empresas vencedoras da licitação, segundo o Executivo local. Só há dois meses foram retomados os trabalhos, que já consumiram R$ 800 mil, de acordo com a prefeitura. Três operários trabalham de segunda a sexta-feira. Cavalos pastam livremente na imensa área reservada para o projeto.

O projeto do Centro de Treinamento foi assinado pelo ministro do Esporte, Orlando Silva, em 2006, juntamente com a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), responsável pela utilização do espaço como centro de pesquisa científica e tecnológica na área do esporte.

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Segundo dados publicados no Portal da Transparência, do governo federal, a pasta já liberou R$ 1,37 milhão do convênio com a Prefeitura de Campos do Jordão. A última liberação do governo federal foi de R$ 1 milhão em dezembro 2006. A vigência do convênio é até 26 de dezembro deste ano. O Departamento de Convênios (Deconv) da prefeitura confirma que a administração municipal recebeu da União R$ 1,3 milhão.

"O centro será referência para receber atletas de alto nível. É por meio de ações como essa que conseguiremos equipar e capacitar o país visando sediar grandes competições internacionais, como a Olimpíada de 2016", disse o ministro na ocasião da assinatura do convênio, em entrevista disponível no site da pasta.

Depois da fase inicial de infraestrutura, com obras de terraplanagem, abertura de ruas e tubulações de água e esgoto, o projeto ficou parado desde 2007. Neste período, a área destinada ao alojamento de 80 atletas serviu para criação de cabritos de moradores vizinhos. O local ainda guarda o cheiro forte das fezes dos animais, encontradas por todo o prédio. Um cômodo, fechado com madeira, serve de abrigo para parte do material básico de construção.

A falta de planejamento e o desperdício de verba pública são visíveis na construção do refeitório. Paredes de alvenaria foram demolidas, e o entulho despejado ao lado do prédio. A tubulação de energia elétrica, que deveria ser subterrânea, está exposta ao tempo nas valas abertas.

Obra fantasma

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As sinalizações turísticas próximas à Ducha de Prata - um dos pontos mais visitados da cidade - apontam aos turistas o caminho do futuro Centro de Treinamento Esportivo, localizado a 8 km do portal de entrada da cidade. A expectativa de encontrar um centro para atletas de alto rendimento é frustrada assim que se avista uma placa, em meio ao matagal, mostrando o valor da obra: R$ 2.102.871,39. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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