Afonso Pena registra atraso

Por causa das obras nos aeroportos de São Paulo, os vôos previstos no Afonso Pena sofreram atrasos.

Até as 18h, 23,6% dos vôos previstos tiveram atrasos de mais de uma hora - o índice é superior a média nacional.

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O presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, responsabilizou as companhias aéreas pelos atrasos de vôos desta segunda-feira em Congonhas, que causaram transtornos aos passageiros. Entre 5h30m e 19h, o aeroporto registrou 56 atrasos e nove cancelamento de vôos.

Segundo Pereira, todas as empresas foram avisadas com antecedência do fechamento da pista principal para obras por 45 dias. Neste período, está em operação apenas a pista auxiliar, que tem 500 metros a menos.

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- Não há desculpa por ser o primeiro dia. As companhias foram avisadas com muita antecedência. Todas as empresas aéreas sabiam. Se alguma diz que não sabe é mentira. Emitimos notas e fizemos audiências públicas sucessivamente. É claro que ajustes acontecem, mas não justificam atrasos - afirmou.

- Qualquer afirmação neste sentido é balela - completou.

O presidente da Infraero acredita que os passageiros ainda poderão enfrentar problemas por até três dias, já que neste período ocorrerá uma 'acomodação de rotas.

Nesta manhã, a Varig teve de transferir para Guarulhos o vôo 2622, que deveria sair de Congonhas às 9h27m rumo a Brasília. A primeira informação era de que a companhia havia sido informada na última hora de que a aeronave não poderia pousar em Congonhas porque estava acima do peso previsto. A assessoria de imprensa da Varig e da Gol afirmou, porém, que os problemas foram causados pelo mau tempo.

O presidente da Infraero disse que pelo menos três aeronaves tiveram suas rotas desviadas, porque os pilotos ficaram preocupados em pousar com a pista molhada no aeroporto. Pereira ressaltou, porém, que este tipo decisão é tomada pelos próprios pilotos, que têm autonomia para garantir a segurança dos passageiros e da tripulação.

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- A pista molhada é uma decisão do piloto. Ele tem autonomia para decidir onde vai pousar. Garanto que a pista auxiliar teve sua geometria corrigida. A pista foi recuperada para ter escoamento perfeito de água - disse ele.

O presidente da Infraero admitiu, porém, que a obra da pista auxiliar, única em operação a partir desta segunda-feira, ainda não está totalmente encerrada. Segundo ele, ainda faltam as ranhuras na pista (grooving), que tornam o piso menos escorregadio e aumentam a aderência dos pneus da aeronave. E informou que apenas na quinta-feira, dia 17, as ranhuras serão feitas.

A Varig não se manifestou sobre a segurança no uso da pista auxiliar, que ainda não tem as ranhuras de escoamento de água e que aumentam a aderência dos pneus das aeronaves. A chuva que caiu na manhã desta segunda-feira na capital paulista foi fraca, mas teria sido suficiente para causar transtorno aos vôos das duas companhias.

A pista auxiliar tem 500 metros a menos do que a pista principal de Congonhas, o que exige que as aeronaves sejam mais leves para pousar e conseguir frear neste espaço. Pereira explicou que os modelos mais afetados pelo tamanho da pista são o Boeing 737-800 e o Fokker.

Apesar da falta das ranhuras, o presidente da Infraero afirmou que a pista auxiliar não tem mais problema de acúmulo de água. Disse ainda que a chuva não causa apenas acúmulo de água na pista, mas pode provocar também problemas de visibilidade. Nesta manhã, a chuva que caiu na capital paulista foi fraca, quase uma garoa.

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A pista principal do aeroporto será liberada em 45 dias. Mesmo depois deste período, porém, a Infraero ainda levará mais 90 dias para concluir totalmente os serviços, por conta de obras complementares.

Essas obras complementares, segundo a Infraero, serão feitas durante a madrugada, fora do horário de funcionamento do aeroporto, que está operando entre 5h30m e meia noite de segunda a sexta-feira. Sábados, das 6h às 23h; e domingo das 7h a meia-noite.

Pela manhã, Pereira contestou a Varig, dizendo que há 60 dias a obra estava sendo comunicada e que a empresa não se programou como as demais para receber os passageiros e transferir alguns vôos para Guarulhos.

- É um problema da Varig porque em audiência pública foi comunicado o início das obras na pista principal de Congonhas - afirmou.

Segundo o brigadeiro, a Varig sabia que aviões com mais de 70% de lotação não poderiam pousar ou decolar em Congonhas e mesmo assim a companhia insistiu em vender todos os bilhetes. A assessoria da Varig não se manifestou.

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A Infraero informou que obra está orçada em R$ 19,9 milhões e terá quatro fases: destruição e remoção do asfalto atual, reconstrução da pista com correções geométricas, recapeamento e retorno de tráfego, e a realização de ranhuras.

A pista principal precisa ser reformada porque tem problemas de drenagem. Toda vez que chove há o acúmulo de água e interdição das operações, por conta do risco de derrapagem. No último ano, quatro aviões derraparam em Congonhas. Num dos casos, um avião da BRA ultrapassou a pista e por pouco não atingiu a Avenida Washington Luiz. A Infraero nega que estes incidentes tenham sido causados por problemas na pista, que foi asfaltada em 1940 e até agora não tinha passado por nenhuma reforma.

Aeroporto está no limite, diz Infraero

O presidente da Infraero afirmou que a reforma na pista principal de Congonhas não significará aumento nas operações do aeroporto. Segundo ele, o aeroporto está no limite e o número de vôos foi reduzido de 48 para 33 por hora (pousos e decolagens) durante o período de obras.

Mesmo depois de acabada a reforma, Pereira espera que o número de vôos não volte aos 48 anteriores, mas a decisão deverá ser tomada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Ou seja, os vôos agora transferidos para outros aeroportos não mais retornariam a Congonhas.

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Congonhas recebeu 18,5 milhões de passageiros em 2006. Em 2001, eram 11 milhões.

- O problema não está tão crítico porque o número de vôos caiu entre 2001 e 2006, de 260 mil pousos e decolagens por ano para 230 mil - afirmou.

Auditoria nos aeroportos

A Infraero informou que iniciou na semana passada uma auditoria para levantar possíveis erros de planejamento estratégicos nos aeroportos do país. Segundo ele, Congonhas é uma questão emblemática e os resultados da auditoria serão apresentados dentro de 30 dias.

O contrato firmado para a obra na pista principal de Congonhas, iniciada nesta segunda-feira, foi encaminhado para o Ministério Público e para o Tribunal de Contas da União.

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- Toda vez que há problemas desta natureza é necessário que se investiguem falhas de planejamento. A Infraero tem interesse de melhorar a capacidade sua capacidade de planejamento. Por isso, achamos melhor fazer a auditoria. Quero voltar a 1972, quando a empresa era totalmente militarizada. Não é uma investigação, é uma metodologia aplicada ao planejamento - disse o brigadeiro.

Segundo o presidente da Infraero, se forem detectadas irregularidades elas deverão ser encaminhadas ao TCU e ao Ministério Público. Pereira afirmou que a CPI do Apagão Aéreo não influencia as ações da empresa.