As 131 obras de arte apreendidas na casa do ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque e outras oito encontradas na casa de Adir Assad, operador da Delta Engenharia, foram entregues ao Museu Oscar Niemeyer (MON) na tarde desta quinta-feira em Curitiba. O museu já mantém a guarda temporária de outras 64 peças apreendidas em outras fases da operação da Polícia Federal.
Duque: todos sabiam que eu não falaria
Em breves palavras, Duque disse que não se declararia culpado, “muito pelo contrário”, mas que iria provar no momento adequado que seus bens são fruto de seu trabalho na Petrobras
Leia a matéria completaDe acordo com a Polícia Federal (PF), as obras apreendidas são de artistas como Miró, Djanira, Alberto Guignard, Heitor dos Prazeres, Agostinho Batista de Freitas, Antonio Poteiro e Yara Tupynambá. Segundo o delegado da PF Igor Romário de Paula, algumas das obras de arte foram dadas ao ex-diretor como pagamento de propina. “Pela documentação, verificamos que algumas obras encontradas na casa do Duque foram dadas como pagamento de propina. O operador comprava a obra de arte e a própria obra era entregue como pagamento. Mas há também peças que foram compradas para lavagem de dinheiro”, disse o delegado.
Ainda segundo o delegado, as obras foram apreendidas para garantir patrimônio para ressarcimento à sociedade e também por representarem indícios concretos de lavagem de dinheiro.
As peças que foram entregues ao museu nesta quinta serão identificadas, catalogadas e vão passar por um processo de quarentena (uma análise para saber se há fungos ou cupins que podem comprometer outras obras do acervo). Após este período, elas passarão por um processo de higienização e serão armazenadas em uma sala com temperatura e umidade constantes.
Desde janeiro deste ano, 15 obras apreendidas na casa da doleira Nelma Kodama estão expostas no museu. Entre as telas estão Di Cavalcanti, Cícero Dias e Iberê Camargo. Um quadro que também foi apreendido na casa da doleira não entrou na exposição, pois há indícios de ser falso.
Outras 48 peças apreendidas na mansão do empresário Zwi Skornicki também estão sob tutela provisória do museu e permanecem armazenadas em uma sala especial. Entre as obras estão dois painéis do artista brasileiro Vik Muniz, um painel do curitibano Sergio Ferro, cinco gravuras de Salvador Dalí, obras de Romero Britto e fotografias de outros artistas brasileiros. Elas poderão ser vistas em abril, em uma exposição realizada apenas com obras apreendidas durante a operação Lava Jato.
O Museu Oscar Niemeyer (MON), também conhecido como Museu do Olho, tem um acervo com 3.400 peças. Projetado por Niemeyer e inaugurado em 2002, já recebeu mais de 300 exposições nacionais, internacionais e itinerantes. Em 2013, bateu o recorde de visitações em um único ano atingindo um público de dois milhões de pessoas. Já no ano passado, a exposição “Frida Kahlo – As suas fotografias”, levou mais de 1,2 mil em um mesmo dia ao museu. Atualmente, além da exposição com as obras da Lava Jato, o MON apresenta a mostra fotográfica “Genesis”, de Sebastião Salgado.
Com mais de 17 mil metros quadrados de área expositiva, considerada a maior da América Latina, o MON também é reconhecido por possuir um setor de Reserva Técnica e o Laboratório de Conservação e Restauro, onde as obras são armazenadas de acordo com critérios internacionais.
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