Belém (AE) Os pistoleiros Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, e Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo, acusados de matar no dia 12 de fevereiro deste ano em Anapu, no Sudoeste do Pará, a missionária norte-americana naturalizada brasileira Dorothy Stang, sentarão no banco dos réus nos próximos dias 9 e 10 em Belém diante de uma platéia que inclui ativistas dos direitos humanos do Brasil e de outros países, familiares da freira vindos dos Estados Unidos, além da representante especial para defensores dos direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), a paquistanesa Hina Jilani. O juiz Cláudio Montalvão das Neves, titular da 2ª Vara Penal da capital, comandará a sessão.
Hina Jilani, que atuará no júri popular como observadora internacional, confirmou hoje (2) sua presença em Belém após contato com dirigentes da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos, (Spddh) e da Comissão de Direitos Humanos da OAB do Pará, responsáveis pela organização da viagem. Para Meire Cohen, presidente da Comissão, a vinda de Jilani reflete a importância do julgamento e a gravidade que cerca um dos crimes mais bárbaros já praticados no Brasil contra alguém que defendia a reforma agrária e o desenvolvimento sustentado da floresta amazônica. "Foi um crime contra a humanidade", disse Cohen.
A missionária foi morta com quatro tiros pelas costas disparados por Rayfran Sales depois de ler um trecho da bíblia para os dois pistoleiros. Ela foi abordada pela dupla quando caminhava pela mata em direção ao acampamento de agricultores que a aguardavam para uma reunião. Alguns lavradores que acompanhavam a freira no momento do crime fugiram ao ouvir os primeiros tiros, temendo serem mortos.
Sales e Batista, que confessaram o crime, estão presos na penitenciária Fernando Guilhon, a 45 quilômertos Belém. Eles foram denunciados pelo Ministério Público por homicídio triplamente qualificado e serão os primeiros a ir a júri popular. Se condenados, eles poderão pegar entre 45 e 60 anos de prisão. Ambos contaram em juízo que a morte da freira teria custado R$ 50 mil, mas Rayfran alega que nunca chegou a receber o valor combinado.
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