Documentos oficiais a que o Jornal Nacional teve acesso revelam que, sete meses antes do acidente entre o avião da Gol e o jatinho Legacy, oficiais de alta patente da Aeronáutica se mostravam preocupados com a falta de controladores e engenheiros no setor de controle do espaço aéreo brasileiro.
Um documento do dia 14 de fevereiro deste ano, diz que, para garantir a segurança e a eficiência do tráfego aéreo, era preciso tomar com antecedência ações de grande importância.
Os militares dizem que, nos últimos dez anos, têm enfrentado sérias dificuldades para contratar mais gente, e dão um exemplo: em 2006 só receberiam 65 controladores de vôo, mas precisariam de 180 por ano. Quem assina é o brigadeiro Paulo Roberto Vilarinho.
Vilarinho também é autor de outro documento urgente, do dia 30 de março, em que ele adverte que a manutenção dos equipamentos pode ser prejudicada pela falta de pessoal capacitado para trabalhar na área do Cindacta IV, na Amazônia, onde houve o acidente entre o avião da Gol e o jato Legacy, seis meses depois.
O brigadeiro alerta que a garantia dos equipamentos da região começaria a vencer este ano. E encerra pedindo a convocação, em caráter emergencial, de engenheiros. Em outro ofício, Vilarinho pede a ampliação e modernização do controle de vôo de São Paulo, com mais três radares.
O Sindicato dos Controladores de Vôo Civis diz que também fez alertas sobre a falta de pessoal.
- Infelizmente, foi preciso acontecer o que aconteceu para a coisa tornar-se clara e a sociedade tomar conhecimento dos verdadeiros problemas que ocorrem dentro sistema - denuncia o diretor técnico do Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Proteção de Vôo, Ernandes Pereira.
Mesmo depois do acidente em setembro, entre o avião da Gol e o jato Legacy, em 29 de setembro, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo do Comando da Aeronáutica, continuou reclamando da falta de pessoal. Como mostra um outro documento, assinado pelo vice-diretor do Departamento de Controle do Espaço Aéreo, brigadeiro Ailton dos Santos. Em 31 de outubro, ele diz que o número de profissionais está bem abaixo do mínimo indispensável. E reafirma que o assunto já tinha sido levado ao conhecimento do comando da Aeronáutica.
O ministro da defesa, Waldir Pires, declarou que nenhum dos três relatórios chegou ao ministério. O comando da Aeronáutica informou que, para aumentar o pessoal que trabalha no controle do tráfego aéreo, contratou serviços terceirizados e contou com o apoio de outros setores para suprir a falta de engenheiros.
Para o ano que vem, a Aeronáutica aumentou o plano de formação de controladores de vôo: de 180 para 373.
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