A explicação do presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, para a operação de pagamento do empréstimo de R$ 29,4 mil feito pelo PT ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva não convenceu os parlamentares da CPI dos Bingos. Em depoimento, Okamotto, que assumiu a dívida depois de o caso vir à tona, disse que saldou o débito sozinho e com recursos próprios. A oposição deixou o plenário da CPI levantando a suspeita de que a dívida foi quitada com o dinheiro do caixa dois petista que alimentou o valerioduto.
Okamotto disse que a dívida foi lançada na contabilidade do PT como empréstimo por um erro contábil. Segundo ele, tratava-se de adiantamentos feitos pelo partido a Lula desde 1997, a grande maioria para cobrir despesas com passagens e diárias de viagens de Lula ao exterior, ainda como pré-candidato a presidente da República pelo PT. O presidente do Sebrae afirmou que, após a eleição de Lula, a dívida passou a ser cobrada pelo então tesoureiro Delúbio Soares. E que ele a assumiu porque foi designado, a pedido de Lula, para ser o procurador do processo de rescisão do presidente dos quadros do PT.
Amigo de Lula desde os tempos de sindicalismo, Okamotto disse que nunca revelou ao presidente que pagou a dívida para não constrangê-lo. Mas reforçou as suspeitas sobre a operação ao reconhecer que pelo menos uma parcela foi paga por um contínuo do PT com uma cópia da carteira de identidade de Lula, apresentada na boca do caixa de um banco. A revelação foi considerada grave pelos senadores.
- Acho que esta revelação desmonta a tese de que o presidente não sabia e mostra mais uma mentira do Palácio (Lula nunca reconheceu a dívida) - disse o líder do PFL, José Agripino Maia (RN).
A oposição também disse não compreender por que a dívida foi toda paga em dinheiro. A explicação de Okamotto não convenceu: ele disse que queria deixar registrado que os depósitos foram feitos pelo presidente e que foi orientado a fazer isso por Delúbio. No fim do depoimento, acabou revelando que sacou parte do dinheiro em Brasília e o transportou para São Paulo. E não explicou por que as datas dos saques feitos por ele não coincidem com os depósitos para saldar a dívida com o PT.
- É muito difícil acreditar nessas coisas todas. A mim ele não convenceu - disse o presidente da CPI, Efraim Morais (PFL-PB).
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