Convenção
Reeleito em SP, Quércia defende autonomia
Agência Estado
São Paulo - O ex-governador Orestes Quércia foi reeleito para a presidência do PMDB paulista ontem com folga. Ele obteve 597 votos, ante 73 votos do deputado Francisco Rossi. O número total de delegados é de 750, mas nem todos participaram da votação, que ocorreu na Assembleia Legislativa de São Paulo. Houve um voto em branco e três nulos. Sua postura é de defesa da autonomia do PMDB na escolha de candidatos para as eleições 2010.
Quércia disse que, caso o PMDB decida lançar candidato próprio à Presidência da República, há possibilidade também de o partido escolher um nome peemedebista para o governo paulista. "Se nós tivermos Roberto Requião para postular a Presidência, evidentemente vamos lançar um candidato próprio ao governo de São Paulo e dizer para José Serra: Sinto muito, mas temos de ficar com o nosso partido", afirmou. "Não vamos deixar a campanha presidencial sozinha aqui em São Paulo."
O presidente do PT paulista apoia o governador tucano José Serra em vez da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff pré-candidata do PT à Presidência . Ele defendeu uma alternância no poder. "Sou contra a continuidade do PT no governo.
Acho que é ruim para o país."
Os representantes do PT evitam responder às declarações dos peemedebistas, na tentativa de garantir apoio, ano que vem, à candidatura petista. Reservadamente, dizem considerar normal esse movimento interno do PMDB e avisam que vão esperar a poeira baixar.
São Paulo - Em defesa de sua candidatura a presidente da República em 2010, o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), criticou ontem, em São Paulo, proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que subordina os peemedebistas ao PT. Durante a convenção estadual do PMDB, Requião atacou a sugestão de Lula que os peemedebistas apresentem uma lista com três nomes de candidatos a vice-presidente da República. Essa lista seria entregue à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata de Lula à Presidência pelo PT, para que ela escolha ao lado de quem quer concorrer nas eleições do ano que vem.
"Talvez a gente ofereça ao PT a possibilidade de apresentar uma lista tríplice para complementar o vice do PMDB", ironizou Requião. Ele reforçou que pretende disputar a Presidência se o PMDB resolver lançar candidato. A decisão deve ser tomada em junho, na convenção nacional do partido.
Se o PMDB optar por uma aliança, em vez de candidatura própria, Requião se diz "muito mais inclinado ao PT", por gostar da política social do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Porém, não deixou por menos. Os petistas poderão apresentar "uma lista sêxtupla" para indicar um vice ao PMDB, afirmou.
O PMDB vai optar entre indicar o vice de Dilma, apoiar a candidatura de José Serra (PSDB-SP) ou lançar candidato próprio, que neste caso pode ser Requião, afirma o presidente da Câmara dos Deputados e líder do PMDB nacional, Michel Temer. Para Temer, a melhor saída é se aliar ao PT.
Requião, porém, deixa claro que vai tentar de todas as formas disputar a Presidência em 2010 caso o PMDB decida lançar candidato próprio ao Palácio do Planalto. O assunto permeou a convenção realizada ontem em São Paulo, que reelegeu o ex-governador paulista Orestes Quércia como presidente estadual da legenda.
Quércia apoia a candidatura do governador paranaense e disse que irá defendê-lo na convenção nacional do PMDB, daqui seis meses. Afirmou, porém, que numa disputa presidencial no segundo turno entre José Serra (PSDB) e Dilma, apoiaria o governador paulista. "Se não der certo a campanha de Requião, vamos estar com Serra."
A vice-prefeita de São Paulo, Alda Marco Antonio (PMDB), disse que tudo indica que o partido terá um candidato próprio na disputa presidencial. "O PMDB se aliou a essa ideia de ter candidatura própria para presidente da República. Eu estarei engajada na campanha de Requião."
O deputado federal Michel Temer (PMDB) disse que, apesar de defender uma aliança com o PT, apoiará o governador Requião caso seu partido decida lançá-lo na campanha. Em sua avaliação, essa "democracia interna", enaltece o partido.
Governador quer combater o "capital vadio"
O eixo do programa do PMDB durante as próximas eleições deve ser a defesa do trabalho e do capital produtivo, afirma o governador do Paraná. "Isso em contraposição ao capital vadio, o capital financeiro, que no Brasil rende muito mais do que uma indústria", afirmou Roberto Requião, durante a convenção estadual do PMDB em São Paulo.
Ele reforçou que a decisão do partido sobre candidaturas próprias ou alianças será definida apenas em junho, durante convenção nacional do PMDB. Mas observou que, seja qual for a escolha, terá de privilegiar um programa de governo que priorize "aumento salarial, redução de impostos, criação de uma moeda sul-americana, controle do preço do dólar e rompimento com o mando do capital vadio".
Sobre José Serra (PSDB-SP), que recebe apoio do PMDB e de quem Requião se diz amigo, o governador do Paraná disse que representa um "belo quadro da política brasileira", mas afirmou que a restrição ao político é "o liberalismo econômico que o cerca e o próprio PSDB".
Questionado se uma possível candidatura sua à Presidência se enfraqueceria se o PMDB não indicasse um candidato próprio para o governo de São Paulo, Requião disse apenas que não vê a questão de modo "maniqueísta" (entre o bem e o mal). "Essa questão, o diretório do partido vai resolver", afirmou.