Na maior operação já feita pela Polícia Federal em cooperação internacional, foi preso nesta terça-feira em São Paulo o colombiano Pablo Joaquim Rayo Montaño, considerado pelo Departamento de Drogas dos Estados Unidos (DEA) um dos 10 maiores narcotraficantes do mundo. Conhecido como Dom Pá e também como El Tio, Montaño vivia em São Paulo há três anos, onde tinha algumas empresas legalmente constituídas, que serviriam para lavagem do dinheiro conseguido com a venda de cocaína para os Estados Unidos e países da Europa.
- Rayo Montaño é considera um dos 10 maiores traficantes do mundo pelos americanos - disse o delegado Luiz Roberto Godoy, que comandou no Brasil a operação Oceanos Gêmeos.
Desencadeada nesta terça-feira, a operação se estendeu também por várias cidades dos Estados Unidos, Colômbia, México, Equador, Venezuela, Costa Rica e Panamá.
Além de El Tio, foram presos em São Paulo nesta terça sua mulher Elizabeth Manrinque Albear; Miguel Friedberg Felmanas, sócio dele na Proart, galeria de arte, e considerado seu braço direito nos negócios; e parentes de Miguel: a mulher Mira e os filhos Mônica, Márcia e Marcelo. Também foram presos e estão na carceragem da superintendência da PF em São Paulo Eduardo Alfredo Bozza Haddad e Reinaldo Abramovay. O argentino Jackson Orozco Gil, preso em Bogotá, também era um dos homens fortes do esquema comandado por Montaño.
De acordo com o delegado Luiz Godoy, o supertraficante veio para o Brasil há três anos, depois que descobriu que estava sendo investigado na Colômbia e no Panamá, onde morou. Em São Paulo ele abriu empresas que facilitavam a lavagem do dinheiro conseguido com a droga, como a galeria de arte, negócios com jóias e com cavalos e para prestação de serviços em festas. Na Proart, localizada na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, nos Jardins, foram apreendidas dezenas de obras valiosas. Na casa de Montaño foi apreendido uma tela de Di Cavalcanti, avaliada inicialmente em R$ 300 mil.
Os chefes da organização criminosa também têm empresas de importação e exportação em nome de "laranjas" com o objetivo de dissimular o verdadeiro proprietário e ocultar os seus bens e valores, além de offshores em paraísos fiscais e empresas de festas e eventos. Os documentos apreendidos durante a operação reforçam as provas que indicam a prática de crimes como sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.
No Brasil as investigações começaram em março de 2005, depois de serem descobertos contatos entre membros da organização criminosa na Flórida com o líder do grupo em São Paulo.
De acordo com a PF, a organização criminosa vendia 20 toneladas cocaína por mês. A droga ficava estocada em depósitos da Colômbia e Venezuela. Para levar as drogas até os Estados Unidos, os traficantes utilizavam principalmente a via marítima. Com lanchas do tipo "Go Fast", eles saíam do Panamá com destino ao Golfo do México, onde navios pesqueiros já esperavam em locais pré-determinados.
Depois de serem carregadas com as drogas, estas embarcações seguiam até portos nos Estados Unidos e na Europa. As investigações também indicaram que o grupo pretendia realizar o transporte de cocaína para os mercados consumidores partindo do litoral brasileiro.
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