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Roseana Sarney: apesar do baixo valor, teve conta no exterior | Fábio Motta / AE
Roseana Sarney: apesar do baixo valor, teve conta no exterior| Foto: Fábio Motta / AE

Genebra (Suíça) e Brasília - O site Wikileaks, que se se notabilizou pelo vazamento de informações diplomáticas sigilosas dos Estados Unidos, teve o acesso a documentos que mostram que a governadora do Maranhão, Ro­seana Sarney (PMDB), e o marido dela, Jorge Murad, fizeram movimentações financeiras secretas em bancos das Ilhas Virgens e Ilhas do Canal, dois paraísos fiscais.

As transações financeiras sigilosas em paraísos fiscais da família Sarney estão entre os dados entregues pelo ex-banqueiro suíço Rudolf Elmer ao grupo WikiLeaks para que sejam publicados. O banqueiro foi preso na Suíça, sob a suspeita de violar as regras de sigilo bancário do país. O material entregue ao WikiLeaks inclui cerca de 2 mil nomes de todo o mundo cuidadosamente selecionados por Elmer. O banqueiro teria feito uma busca por nomes "explosivos" em diversas partes do mundo.

No caso de Roseana, os dados mostram operações no Banco Julius Baer, nas Ilhas do Canal e Ilhas Virgens. Elmer, que vazou os dados, trabalhou na sede do banco, na Suíça, e depois chefiou a sucursal do Julius Baer nas Ilhas Cayman, outro paraíso fiscal.

Roseana teria feito um depósito de US$ 10 mil em setembro de 1993. Roseana e Murad teriam fundado a Coronado Trust em 1993 e a mantiveram aberta até 1999. Trust é uma espécie de contrato que dá ao titular poderes para fazer movimentações financeiras e patrimoniais em nome de terceiros.

A transação, segundo informações do jornal O Globo, que teve acesso aos documentos, foi feita numa operação triangular com a Totar Business Corporation, empresa aberta nas Ilhas Virgens para gerenciar a Coronado Trust. Com isso, o rastreamento dos verdadeiros donos do dinheiro seria mais difícil.

O jornal O Globo procurou Roseana e Jorge Murad para comentar o caso. Os dois confirmaram ao jornal a existência da Coronado Trust. O advogado da governadora, Antônio Carlos "Kakay" de Almeida Castro, informou que Murad decidiu abrir a Trust no início da década de 90 para proteger o patrimônio. Naquele período, ele teve uma filha numa relação fora do casamento. O advogado disse, no entanto, que a Trust não recebeu ou repassou dinheiro a partir do Julius Baer. "O depósito [que aparece no arquivo de Elmer] foi apenas para custear as despesas da própria Trust", disse Kakay ao O Globo.

A Trust, na explicação do advogado, teria sido mantida por seis anos sem qualquer movimentação. Em dezembro do ano passado, Kakay se reuniu com dirigentes do banco Julius Baer na Suíça e obteve uma declaração de que a Coronado não recebeu recursos da Totar. À época, já havia suspeitas de que documentos bancários sigilosos da Suíça poderiam ser vazados ao público.

Rudolf Elmer, o ex-funcionário do Banco Julius Baer, assegura que vazou os documentos bancários sigilosos para tentar mostrar como funciona a corrupção no sistema financeiro em paraísos fiscais e para que sejam tomadas medidas contra a sonegação de impostos e a lavagem internacional de dinheiro.

Mais brasileiros

Outros brasileiros também aparecem na lista de dados bancários vazados ao WikiLeaks. Um grupo de apenas três correntistas, por exemplo, foi destinatário, cada um, de cerca de US$ 900 mil.

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