Apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção da Petrobras, Fernando Soares, o Baiano, tentou expandir seus negócios para a BR Distribuidora, mas esbarrou na cobrança de “pedágio” de R$ 20 milhões, segundo disse em delação premiada. A propina, contou Baiano aos investigadores, foi cobrada pelo ex-ministro Pedro Paulo Leoni Ramos, considerado na Operação Lava Jato operador do grupo do senador Fernando Collor (PTB-AL).
Em seu depoimento, Baiano afirmou que, em 2013, ficou interessado em contratos de construção de bases de distribuição de combustível em Macaé (RJ), sendo que quatro a cinco unidades estavam em análise pela BR.
Mas após iniciar as tratativas com o ex-diretor da estatal Nestor Cerveró, ele foi procurado por Pedro Paulo para que desistisse da empreitada. Baiano disse que o ex-ministro deixou claro que ele não deveria avançar com as negociações porque os projetos de distribuição seriam conduzidos por seu grupo.
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Diante da ofensiva de Pedro Paulo, Baiano procurou Cerveró para destravar os negócios. O ex-diretor, diz o delator, informou a Pedro Paulo que não teria como justificar que todos contratos ficassem com seu grupo.
Pedro Paulo então liberou a atuação de Baiano desde que seu grupo tivesse participação no negócio, pedindo vantagens indevidas.
O ex-ministro apontou que a solução seria superfaturamento das obras e “esclareceu que o valor a ser superfaturado, que seria repassado ao seu grupo de investidores e também destinado ao pagamento de propina a políticos, seria de R$ 20 milhões”.
Diante dos valores e de suposta dificuldade para justificar pagamento de propina, os investidores, entre eles a Jaraguá, disseram que seria inviável concretizar o negócio e, segundo Baiano, “o negócio não se concretizou”.
Procurada pela reportagem, a assessoria de Pedro Paulo não se manifestou sobre as declarações de Baiano. Collor e seu ex-ministro negam participação no esquema de corrupção da Petrobras.
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