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Uma empresa usada pela construtora Engevix Engenharia - acusada pela Operação Lava Jato de cartel e corrupção na Petrobras - para pagar propina em contratos da Diretoria de Serviços depositou R$ 1,45 milhão para a JD Assessoria e Consultoria Ltda, do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Os pagamentos foram feitos em 2011 e 2012, ano em que ele foi condenado no mensalão.

Quebra de sigilo da empresa do ex-ministro mostra que a Jamp Engenheiros Associados Ltda. pagou R$ 300 mil, em 2011, e R$ 1,1 milhão, em 2012, por serviços de consultoria prestados pela JD. Aberta em 1998, a JD é especializada em dar “assessoria e consultoria direcionadas à obtenção de cooperação e estabelecimento de parcerias empresariais com os países que integram o Mercosul”.

A força-tarefa que investiga o esquema na estatal petrolífera suspeita que o ex-ministro fazia lobby para o cartel de empreiteiras que se instalaram à Petrobras para assumir controle de contratos bilionários. O lobby seria disfarçado em contratos de consultorias que nunca existiram.

A defesa do ex-ministro informou que a JD Assessoria e Consultoria, sediada em São Paulo, atua desde 2006 ‘assessorando empresas brasileiras e estrangeiras, sobretudo no mercado externo’. Em 9 anos de atuação, segundo a defesa, a JD prestou serviços a mais de 50 empresas no universo de quase 20 setores da economia, como comércio exterior, comunicação, telecomunicações, logística, tecnologia cia informação, construção civil, além de vários ramos da indústria, como a de bebidas, de bens de consumo, farmacêutico e insumos elétricos.

A Jamp, que pagou pela consultoria de Dirceu, pertence a Milton Pascowitch, apontado na Lava Jato como um dos 11 operadores de propinas na diretoria de Serviços. Ele foi um dos alvos de condução coercitiva na Operação My Way, deflagrada em 5 de fevereiro, por ligação com o ex-diretor da Petrobras Renato Duque - preso nesta segunda-feira, 16, pela segunda vez.

O nome de Pascowitch foi citado inicialmente, em dezembro, pelo ex-gerente de Engenharia da estatal Pedro Barusco, em sua delação premiada, como operador de propinas da Engevix na área de Serviços.

O delator da Lava Jato era braço-direito de Duque e responsável por arrecadar os valores de propina com os 11 operadores que atuavam em nome das empreiteiras na área de Serviços.

Em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato, o vice-presidente da Engevix, Gérson de Mello Almada, confessou nesta terça-feira que pagava para “lobistas” comissões por contratos mantidos na Petrobras. A Jamp era uma das empresas usadas.

Pascowitch e o doleiro Alberto Youssef - alvo central da Lava Jato - foram citados por Almada como operadores dos valores pagos por ele por contratos envolvendo as diretorias de Serviços e Abastecimento, comandadas pelo PT e pelo PP, respectivamente.

Segundo o sócio da Engevix, Pascowitch era o elo da empreiteira com o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, no esquema. “O Milton (Pascowitch) veio falar: ‘olha, você precisa manter um relacionamento com o partido, precisa manter relacionamento com o cliente e eu me proponho a fazer isso, eu tenho condição de fazer isso’. Ótimo, seja bem vindo”, relatou.

Em um ano eleitoral, a Engevix fez duas doações para o PT, disse Almada. “A pedido (de Pascowitch) repassei dinheiro para o PT, para Vaccari. Como ele (Pascowitch) tinha relacionamento com o pessoal do PT trazia pedidos não vinculados a obras, mas a doações para o partido nas épocas das eleições ou em dificuldades de caixa do partido.”

A doação era ajustada com alguém especificamente?, indagou um procurador da República na audiência. “Sim, com João Vaccari”, respondeu o empreiteiro.

Cartel

Além de receber R$ 1,4 milhão da empresa do operador de propinas da Engevix para a Diretoria de Serviços, a própria construtora pagou pelas consultorias de Dirceu.

Documento da Receita Federal mostra que a Engevix pagou R$ 1,1 milhão, entre 2008 e 2011 para a JD Assessoria. O maior valor pago declarado foi em 2010: um montante de R$ 650 mil. Ao todo, a JD declarou R$ 29 milhões em serviços prestados entre 2006 e 2013.

“Chama atenção a baixa movimentação financeira do contribuinte, sempre muito inferior aos rendimentos declarados”, registra a Receita.

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