O operador de propinas do PMDB na Diretoria de Internacional da Petrobras Fernando Antônio Falcão Soares, o Fernando Baiano, esteve 72 vezes na sede da estatal, no Rio, entre 2004 e 2008 visitando o ex-diretor da área Nestor Cerveró.
É o que mostra relatório final de uma auditoria que analisou o contrato de dois navios sondas, no valor total de US$ 1,2 bilhão, entre 2006 e 2007, que teriam envolvido o pagamento de US$ 30 milhões em propinas.
“De acordo com o levantamento feito, as visitas de Fernando Antônio Falcão Soares ao Diretor Cerveró somaram 72 vezes, de fevereiro de 2004 a janeiro de 2008, enquanto o Júlio Camargo foi recebido pelo Diretor 18 vezes, entre junho de 2005 e janeiro de 2008”, informa relatório interno da Petrobras, anexados aos autos da Lava Jato nesta segunda-feira, 18.
Cerveró é acusado de ser o braço do PMDB no esquema de corrupção na Petrobras. Segundo as denúncias, PT, PMDB e PP loteavam diretorias na estatal, por meio das quais arrecadavam de 1% a 5% nos contratos feitos com um cartel formado pelas 16 maiores empreiteiras do País.
Fernando Baiano e o lobista Julio Gerin Camargo são réus no processo como operadores de propina. O primeiro representava o PMDB na Internacional e o segundo atuava em nome de empreiteiras e de dois grupos internacionais envolvidos nesta operação.
Foi Camargo, o lobista, que confessou ter sido procurado ao mesmo tempo por duas gigantes do setor, a japonesa Toyo Engineering - um braço do grupo Mitsui CO -, e a Samsung Heavy Industries Co. Interessadas nos contratos da Internacional - diretoria que era cota do PMDB, no esquema de propinas denunciado pela Lava Jato, que envolvia ainda PT e PP.
A primeira, japonesa, se associaria à Petrobras para o afretamento do equipamento e a Samsung construiria as duas sondas em parceria com esse consórcio Petrobras/Mitsui.
O delator afirma que fechou contrato para recebimento de US$ 53 milhões de “comissionamento” da Samsung, dos quais US$ 30 milhões seriam a parte de Fernando Baiano no negócio. Procuradores da Lava Jato afirmam que o que o réu chama de “comissão” era propina.
Baiano foi quem forneceu “informações privilegiadas” aos participantes. Sem ter cargo na estatal, o operador do PMDB teria conseguido marcar depois de 15 dias uma reunião entre representantes da japonesa Mitsui & Co e da sul-coreana Samsung Heavy Industries Co. com o ex-diretor de Internacional, na sede da Petrobras, no Rio.
A empresa coreana fechou os dois contratos, assinados em 2006 e 2007, para a construção do navio-sonda Petrobras 100000 - no valor de US$ 586 milhões, para uso na África - e o Vitoria 10000 - valor de US$ 616 milhões, para exploração marítima no Golfo do México.
Camargo, delator da Lava Jato, confessou ao juiz federal Sérgio Moro - que conduz os processos do caso - na última semana que pagou os valores, para Fernando Baiano, mas negou que ele estivesse nas reuniões em que ele participou na Petrobras com Cerveró e os representantes da Samsung e da Mitsui.
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