O empresário Shinko Nakandakari, que afirmou ter entregado pelo menos R$ 1 milhão em dinheiro a Renato Duque, repassou ao esquema do ex-diretor de Serviços da Petrobras quase R$ 9 milhões entre 2008 e junho de 2014. No termo de delação premiada assinado com o Ministério Público Federal, Nakandakari, um dos 11 operadores de propina identificados na nona fase da Operação Lava-Jato, disse que repassou R$ 2,378 milhões em propina paga pela empresa EIT - Empresa Industrial Técnica, participante do consórcio Rnest OC Edificações ao lado da Engevix, e R$ 1,5 milhão da argentina Contreras, sócia da Galvão Engenharia em dois gasodutos da Refinaria Duque de Caxias, o Cabiúnas-Reduc (Gasduc III) e o Japeri-Reduc (Gasjap).
Nakandakari já prestou informações sobre pagamentos feitos ao esquema de Duque pela Galvão Engenharia, num total de R$ 5,4 milhões, e prometeu dar detalhes sobre a entrega de propina. No total, o valor do repasse chega a R$ 8,988 milhões.
Em troca, deverá ser condenado a no máximo oito anos de prisão, mas não ficará em regime fechado. O acordo prevê que até quatro anos da pena seja cumprido em regime semiaberto. Em seguida haverá progressão para o regime aberto diferenciado, limitado a 6 anos e 8 meses, no qual ele deve permanecer em casa nos fins de semana e das 20h às 6h da manhã, podendo sair em duas datas para visita funeral nos municípios de Itapira e Bauru. Também poderá todo ano passar três dias, no Natal, com a família num dos dois municípios paulistas.
Nakandakari, que afirmou não ter contas ou offshores no exterior, pagará R$ 1,3 milhão a título de multa e se comprometeu ainda a prestar serviços comunitários durante dois a cinco anos. A cada dois meses apresentará à Justiça um relatório de suas atividades.
O acordo fechado com o Ministério Público Federal inclui ainda os dois filhos de Nakandakari, que tiveram suas contas correntes usadas no esquema. Segundo o empresário, ambos têm contas no exterior, mas o dinheiro serve apenas para estudos. Os dois deverão apresentar os extratos da movimentação, requisitados pelos procuradores.
Como garantia de que pagará a multa, o empresário deu como garantia um apartamento duplex no bairro do Brooklin, em São Paulo.