O impeachment não se resolverá na discussão técnica. A letra da lei vai só até certo ponto, a partir do qual passa a depender de interpretações. Há base legal tanto para o impeachment de Dilma quanto para sua permanência. Resta saber qual desses desfechos é melhor para o Brasil.
A favor do impeachment pesa nosso zelo institucional: Dilma violou de forma grave a Lei de Responsabilidade Fiscal para ganhar uma eleição, jogando o Brasil em uma crise séria. Perderemos alguns anos para recuperar o tempo perdido, roubado pela incompetência desonesta do governo. Se Dilma não for afastada, deixaremos de lição para os próximos mandatários que eles também podem jogar nosso futuro no lixo quando isso for politicamente conveniente. O crime fiscal estará, na prática, permitido.
Por outro lado, a queda de Dilma pode ser justamente o evento que permite a reorganização das forças que a colocaram lá. Lula e o PT já a rifaram. Com Dilma na Presidência, a culpa da crise também é deles. Com o impeachment, voltarão à posição confortável de acusadores. Pela nova narrativa – que se tornará possível – a crise é resultado das políticas neoliberais da direita golpista. Se Lula conseguir se livrar das investigações da Lava Jato, não é improvável que volte.
Além disso, o impeachment deixará no ar a aparência de golpe; de que se tratou, acima de tudo, do complô de uma oposição pouco democrática. Quando estiverem mais uma vez por cima, os derrotados de agora não nos pouparão da revanche.
No saldo final, fico com a opção mais prudente. Amargar um período maior de crise, com a culpada colhendo todos os louros que lhe cabem, até que possamos exterminar o PT em 2018 como se deve: nas urnas.
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