Não são muitos, no mercado financeiro e no setor produtivo, os que morrem de amores pela presidente Dilma Rousseff. Isso não quer dizer que a acolhida do pedido de impeachment vai melhorar o humor da economia. Ao menos não neste primeiro momento, em que não se sabe se o processo seguirá adiante ou não – e, se seguir, no que dará.
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Os “agentes econômicos” – quem trabalha no mercado financeiro, os empresários, os consumidores – não costumam gostar de incerteza. E, num momento em que a confiança na economia brasileira alcança marcas tão negativas quanto as da própria atividade econômica, a decisão de Eduardo Cunha acrescenta uma tonelada de dúvidas, poucas horas depois do pequeno alívio representado pela aprovação da nova “meta fiscal” (é até generoso tratá-la assim, com ares de seriedade) deste ano prestes a acabar.
Se já havia poucos empresários tomando decisões de investimento com tantas nuvens no horizonte, quantos estarão dispostos a arriscar sem nem saber quem estará no comando do país daqui a seis meses? Por mais que o sujeito torça pela queda de Dilma, não há garantia que, depois de meses de discussão política e paralisia econômica, ela realmente vá cair. Além da questão da confiança, há outro aspecto fundamental, ressaltado pelo economista Pedro Jucá Maciel, assessor de assuntos econômicos do Senado. Se o governo já tinha dificuldades para aprovar, no Congresso, as medidas necessárias para tentar recolocar as contas públicas em um rumo minimamente aceitável, é pouco provável que elas ganhem fôlego em meio à comoção causada pela análise do impedimento da presidente.
Nem mesmo o Planalto deve fazer muita força para aprová-las. A “poupança política” que Dilma poderia aplicar em projetos importantes para reerguer a economia tende a ser redirecionada, avalia Maciel. Todas as energias passam a se concentrar na luta para escapar do abismo do impeachment. O abismo econômico ficou para depois.
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