O bloco de oposição na Câmara de Curitiba tentará instalar uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar a denúncia de suposta prática de caixa 2 na campanha de reeleição do prefeito Beto Richa (PSDB). A bancada, no entanto, deverá encontrar muitas dificuldades para a abertura da CPI, que precisa de 13 assinaturas para sair do papel. Enquanto os aliados de Richa somam 29 parlamentares, a oposição está reduzida a apenas cinco vereadores (três do PT e dois do PMDB). Os outros quatro vereadores são independentes. Mas, quase que invariavelmente, votam a favor do prefeito.
Ontem, houve pronunciamentos acalorados no plenário da Casa e bate-boca entre parlamentares de situação e oposição. A vereadora Professora Josete (PT) disse que está comprovada a prática de caixa 2 e a utilização da máquina pública na campanha. "Se houver empenho dos partidos, é possível conseguir as 13 assinaturas. A Câmara não pode sair desse episódio como omissa e sem autonomia", declarou. Ela espera conseguir as assinaturas de vereadores de PSC, PV, PDT e PP.
O líder do prefeito na Câmara, Mario Celso Cunha (PSB), rebateu as declarações da petista e afirmou que o caso é um problema entre PTB e PRTB, que terão de responder na Justiça sobre tudo o que se passa no vídeo em que candidatos desistentes do PRTB recebem R$ 1.600 do comitê pró-Beto Richa do partido. Mario Celso disse que o episódio é "um tipo baixo de fazer política", com a intenção de atingir Richa na disputa pelo governo do estado em 2010.
Também não houve acordo quanto ao pedido da oposição para anexar nos registros da Casa a reportagem publicada na Gazeta do Povo, no último domingo, que tornou público o vídeo em que ex-candidatos a vereador do PRTB aparecem recebendo dinheiro. Mario Celso solicitou que a votação do pedido fosse adiada por cinco sessões. Sob protestos da oposição, os vereadores votaram a favor do adiamento.
Assembleia
Na Assembleia, aliados de Richa usaram a tribuna para tentar desvincular o prefeito das denúncias envolvendo o PRTB. Deputados do PP, DEM e PSDB defenderam que a divulgação do vídeo não passa de armação política. A oposição a Richa, ao menos na Assembleia, não se manifestou.
O deputado Ney Leprevost (PP) declarou que o pagamento para ex-candidatos a vereador foi uma ação "desastrada e imoral", realizada por pessoas inescrupulosas que têm de ser varridas da política. O esquema montado por "aloprados", segundo ele, não teve o aval de Richa, que não compactua com a compra de apoios. "São pessoas despreparadas querendo fazer média com o Beto, pensando em cargos na prefeitura e na eleição para deputado estadual", disse.
O argumento de que Richa não sabia de nada e que estaria sendo vítima de uma armação política também foi apresentado por outros deputados, como o líder do DEM, Plauto Miró. "Como as eleições (para governador) se aproximam e ele tem chances reais de vencer, começou a ser atacado", afirmou.
O deputado estadual Fábio Camargo (PTB), que no ano passado foi candidato à prefeitura coligado com o PRTB e que foi o principal prejudicado pelo apoio que parte do partido aliado deu a Richa, não quis comentar o caso. Ele disse estar "abalado" e afirmou que ainda está analisando os vídeos que mostram o pagamento aos dissidentes do PRTB.
Colaborou Rosana Félix
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