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O adiamento da leitura do requerimento que prorroga por seis meses os trabalhos da CPI dos Correios foi criticado pela oposição. O líder do PFL, deputado Rodrigo Maia (RJ), lembrou que o requerimento já tem o número de assinaturas exigido e que o documento não precisa ser votado, basta ser lido para garantir a prorrogação da CPI. Já o líder da minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), disse que a suposta manobra do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), "desmascara" o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse no programa "Roda Viva" apoiar as investigações das irregularidades no seu governo, através das CPIs.

Aleluia disse que, mesmo com assinaturas suficientes para a prorrogação (222 de deputados e 30 de senadores), Renan impediu a leitura do requerimento. Segundo ele, Renan derrubou a sessão, que será retomada ao fim do dia ou início da noite, para dar prazo ao governo para convencer parlamentares da base aliada a retirarem as assinaturas do documento.

- Na verdade o encerramento da sessão é a concessão de tempo para que o governo Lula negocie a retirada de assinaturas de aliados, impedindo a continuação das investigações das irregularidades cometidas no governo e pelo PT - disse Aleluia.

O pefelista lembrou que as CPIs foram instaladas após uma mobilização expressiva da oposição, com o apoio da sociedade e da mídia. O que aconteceu nesta manhã, segundo Aleluia, é o prolongamento do comportamento de Lula e aliados, que recorreram a todos os argumentos para impedir as CPIs.

- Instaladas as CPIs, Lula continuou tentando de todas as formas barrar as apurações. Não raras vezes, a bancada governista retirou-se das sessões para impedir o quorum. O clamor público fez Lula e aliados recuarem. Mas eles estão sempre atuando para barrar as investigações, como na manhã desta quarta-feira no Congresso Nacional - disse Aleluia.

Depois de anunciar a suspensão da sessão, Renan, que esteve no Palácio na manhã desta quarta-feira, disse que a prorrogação da CPI pode acontecer, mas afirmou que a comissão parlamentar precisa apresentar resultados à sociedade.

- É preciso apresentar resultados, a sociedade cobra isso. O único resultado até agora foi a apresentação do relatório com os nomes de 19 parlamentares. É preciso mais do que isso - disse Renan.

Antes de suspender a sessão, Renan disse que precisava conferir o número de assinaturas do requerimento. O prazo para a CPI funcionar vence no fim deste mês. Rodrigo Maia considerou o adiamento da leitura uma manobra regimental e disse que o governo quer ganhar tempo.

O líder do PSDB, deputado Alberto Goldman (SP), disse temer que o governo tente retirar assinaturas do documento, como ocorreu antes da criação da CPI. Ele caracterizou esse procedimento como vergonhoso. A oposição ameaçou obstruir a votação de outras matérias na pauta do Congresso caso o requerimento não seja lido na sessão desta quarta.

Já o líder do PT, deputado Henrique Fontana (PT-RS), é contra a prorrogação do prazo. Ele argumenta que 180 dias é um prazo razoável para que a CPI investigue tudo o que for possível. Ele lembra que, com a conclusão dos trabalhos e a aprovação de um relatório final, o Ministério Público, a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União poderão continuar as investigações.

- Imaginar que a CPI esgotaria todas as investigações é uma idéia irreal - diz Fontana.

Henrique Fontana acredita que o MP, a PF e a CGU dispõem de condições técnicas mais adequadas para investigações mais específicas. Ele teme que a prorrogação dos trabalhos vá prejudicar as investigações que poderiam ser contaminadas pelo processo eleitoral de 2006, o que paralisaria o Congresso.

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