Entrevista
"Vamos conseguir as assinaturas suficientes atéa semana que vem"
Antônio More/ Gazeta do PovoQual a expectativa que o senhor tem em relação à CPI da Petrobras?
A transparência e a cobrança dos desmandos feitos nos últimos oito anos. Tem muita coisa para ser investigada. Agora é o momento de saber quem quer investigar e quem tem medo da CPI.
Por que a preferência pela CPI mista?
Eu prefiro a CPI mista porque ela não entra na fila e pode ser instaurada imediatamente. Se alguns deputados de oposição assinarem, até o fim do dia [de ontem] vamos somar 170 assinaturas. No Senado já contamos com 28. Vamos conseguir as assinaturas suficientes para validar a CPI até, no máximo, a semana que vem. Assim, vamos fazer o requerimento imediato e a instalação antes das eleições.
A abertura da CPI não causará mais prejuízos a Petrobras, por envolvê-la em uma investigação?
O que causa prejuízo todos os dias é a má gestão do PT. Foi a Dilma quem concordou com a compra da refinaria de Pasadena. Ela é a principal responsável. A Petrobras se tornou um objeto do PT para usar o dinheiro do brasileiro. Lá tem corrupção vinda de toda ordem. Sem contar que, durante o governo Dilma, o valor nominal de uma ação da Petrobras caiu de R$ 29 para R$ 12 uma depreciação de quase 200%. Precisamos fazer alguma coisa. (Bruna Covacci, especial para a Gazeta do Povo)
Senadores pedem à PGR que investigue Dilma Rousseff
Paralelamente à busca pelas assinaturas para criar a CPI da Petrobras, um grupo de senadores do PSol, PDT, PMDB, PSB e PP entrou ontem com uma representação contra a presidente Dilma Rousseff na Procuradoria-Geral da República (PGR). Eles pedem que o procurador-geral, Rodrigo Janot, investigue a compra, pela Petrobras, da refinaria em Pasadena, Texas (EUA), que causou um prejuízo de US$ 1 bilhão à estatal brasileira. Dilma, na época em que presidia o Conselho de Administração da Petrobras, votou a favor da compra com base em um laudo "técnica e juridamente falho", segundo suas próprios palavras. Os senadores argumentam ser necessário avaliar se Dilma votou favoravelmente à compra por omissão ou se o processo de venda da refinaria foi conduzido irregularmente.
Agência Estado
A oposição no Congresso Nacional começou ontem a coletar assinaturas com objetivo de instalar uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar as denúncias de irregularidades na Petrobras. Diante das manobras do Planalto para barrar a apuração, os oposicionistas vão investir em três frentes para conseguir o número de assinaturas necessárias: instalar uma CPI mista da Câmara e do Senado, uma apenas de senadores ou uma somente de deputados. A proposta que sair antes deve ser levada adiante.
A preferência, porém, é pela CPI mista. Para isso, será necessário o apoio de pelo menos 27 senadores e 171 deputados. No Senado, a oposição espera conseguir até 28 assinaturas. Caso isso aconteça, começaria então a coleta de adesões entre os deputados.
Essa estratégia foi decidida porque líderes do "blocão", formado por partidos da base insatisfeitos com Planalto, decidiram jogar para o Senado a responsabilidade pela criação da CPI. Somente após os senadores aderirem é que os deputados do grupo assinariam o requerimento. Sem defecções na base, é mais difícil para a oposição obter as assinaturas na Câmara.
Se os oposicionistas não conseguirem propor a investigação mista, ela ficaria apenas do Senado. Esse, porém, não é o cenário desejado pelos oposicionistas, pois o Planalto tem mais controle dos senadores aliados do que da base na Câmara.
A hipótese menos provável seria promover apenas uma CPI entre deputados. Nesse caso, há dois problemas: conseguir as 171 assinaturas e enfrentar os 12 requerimentos de criação de comissões parlamentares de inquérito aguardando na fila. Na prática, a investigação teria de aguardar.
Objetivos
O objetivo principal da CPI seria investigar o prejuízo de US$ 1 bilhão que a Petrobras teve na compra da refinaria de Pasadena, no Texas, Estados Unidos. Na semana passada, foi revelado que a presidente Dilma Rousseff, quando era presidente do Conselho de Administração da Petrobras, em 2006, votou a favor da compra de parte da refinaria com base em um relatório que ela própria classificou como "falho" e "incompleto" o que teria levado à assinatura de um contrato lesivo à estatal.
Nos últimos dias, surgiram novas denúncias de negócios ruins fechados pela Petrobras, como na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Construída em parceria com o governo da Venezuela, a estatal brasileira teve de assumir a responsabilidade pelo investimento total de US$ 20 bilhões porque os venezuelanos não fizeram os aportes que deveriam.
Além disso, há suspeitas de pagamento de propina na Holanda para funcionários da Petrobras, por meio da empresa SBM Offshore, que forneceu plataformas para a empresa brasileira.
Comissões vão ouvir ministro e presidente da estatal
Agência Estado
A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal (CAE) aprovou ontem convite para que o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e a presidente da Petrobras, Graça Foster, compareçam a audiência pública para explicar a aquisição da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela estatal brasileira. A compra da unidade de refino causou um prejuízo de US$ 1 bilhão para a Petrobras.
O mesmo requerimento também foi aprovado na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) da Casa. Como há duas audiências programadas, é provável que elas sejam unificadas em uma reunião conjunta.
O governo fez acordo com a oposição para que as convocações de Lobão e Graça fossem transformados em convite. Assim, os dois podem marcar a data e, se não comparecerem, não podem ser processados.
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