Os deputados estaduais opositores da governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), iniciaram ontem novas articulações para instalar uma CPI na Assembleia Legislativa do estado. O objetivo é investigar supostas práticas de caixa dois e desvio de recursos na campanha tucana ao Palácio Piratini, em 2006, que foram relatadas em reportagem publicada na revista Veja desta semana.
O deputado Raul Pont (PT) já fala até em processo de impedimento. "O diretor de uma das empresas fumageiras admitiu ter doado R$ 200 mil para a campanha de Yeda e apresentou até recibo. Como isso não está registrado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), configura crime eleitoral", disse Pont.
Casa
Além das hipotéticas investigações no Poder Legislativo, Yeda Crusius poderá enfrentar adversidades no Judiciário. A reportagem reacendeu a suspeita sobre a compra da casa da governadora após a vitória no pleito eleitoral de 2006. O caso fora arquivado pelo Ministério Público por falta de elementos. Mas o surgimento de indícios mais consistentes, como a suposta utilização de dinheiro de caixa dois para pagar o imóvel, pode motivar a reabertura do processo.
A Veja desta semana detalhou o conteúdo de supostas gravações feitas pelo lobista Lair Ferst, réu na fraude milionária do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), durante conversas com o ex-representante do Palácio Piratini em Brasília, Marcelo Cavalcante, encontrado morto em 17 de fevereiro no Lago Paranoá, na capital federal. Os dois arrecadaram recursos para a campanha tucana ao Piratini. Os arquivos, que teriam sido entregues por Ferst ao Ministério Público Federal para provar a sua inocência na fraude do Detran, trariam afirmações comprometedoras de Cavalcante. Numa delas, o ex-representante do governo teria dito que repassou a Carlos Crusius, ex-marido da governadora, a quantia de R$ 400 mil. O dinheiro, angariado junto a duas indústrias de fumo, teria sido utilizado para quitar a casa comprada pelo casal em bairro nobre de Porto Alegre.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RS) vai solicitar amanhã a revelação do conteúdo das gravações que estariam sob poder do Ministério Público Federal. Lamachia acredita que não há motivo para manter o sigilo, pois os nomes dos envolvidos já são de conhecimento público.
No sábado, Yeda negou que Carlos Crusius tenha sido arrecadador de sua campanha, destacou que o Ministério Público constatou idoneidade na compra da sua casa e desqualificou as fontes da reportagem publicada pela revista.
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