Os deputados estaduais de oposição à governadora Yeda Crusius (PSDB) iniciaram neste domingo (10) novas articulações para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. O objetivo é investigar supostas práticas de caixa dois e desvio de recursos na campanha tucana ao Palácio Piratini, em 2006, que foram relatadas em reportagem publicada na revista "Veja" desta semana.
Em plena tarde de domingo de Dia das Mães, os dez integrantes da bancada petista se reuniram numa sala reservada do Legislativo para estudar meios de coletar as 19 assinaturas necessárias. O deputado Raul Pont (PT) já fala até em processo de impedimento. "O diretor de uma das empresas admitiu ter doado R$ 200 mil para a campanha de Yeda e apresentou até recibo. Como isso não está registrado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), configura crime eleitoral. O governador do Maranhão perdeu o mandato por muito menos", disse Pont, ao comparar o caso de Yeda Crusius com o do recém-cassado Jackson Lago (PDT-MA).
O PT já tentava emplacar a CPI antes mesmo do alvoroço causado pela reportagem no Estado. Porém, até semana passada, apenas 14 assinaturas tinham sido contabilizadas. Agora, a estratégia é buscar adeptos em outras três siglas. "O PC do B e o PSB já haviam assumido compromisso conosco. Esperamos contar também com o PDT", afirmou Pont. Entretanto, as 19 assinaturas necessárias só serão alcançadas caso todos os deputados destes partidos concordem com a abertura de CPI.
A oposição também não descarta a possibilidade de conseguir apoio do DEM, partido de Paulo Feijó, vice-governador do Estado e desafeto de Yeda Crusius. A bancada é composta por três deputados e, conforme a expectativa da oposição, pelo menos um deles poderá se engajar ao movimento. Caso a tentativa de instalação da CPI tenha êxito, a presidência deve ficar com Stela Farias (PT) ou Daniel Bordignon (PT).
O deputado estadual Alceu Moreira (PMDB) classificou a atitude da oposição de exploração política. Ele acredita que nenhum fato novo foi apresentado para justificar a abertura de CPI. "O Ministério Público Federal e a Polícia Federal já estão apurando os fatos. Fazer uma CPI seria transformar a Assembleia em palanque. Existem somente notícias que já eram conhecidas e fofocas políticas. Não há provas", opinou. Ontem, Yeda manifestou-se no Palácio Piratini. Ela destacou que o Ministério Público constatou idoneidade na compra da sua casa e desqualificou as fontes da reportagem publicada pela revista.
A "Veja" desta semana detalhou o conteúdo de supostas gravações feitas por Lair Ferst, réu no caso de fraude milionária no Departamento Estadual de Trânsito (Detran), durante conversas com o ex-representante do Palácio Piratini em Brasília, Marcelo Cavalcante, encontrado morto em 17 de fevereiro no Lago Paranoá, em Brasília. Os dois arrecadaram recursos para a campanha tucana ao Piratini.
Os arquivos, que teriam sido entregues por Ferst ao Ministério Público Federal para provar a sua inocência na fraude do Detran, trariam afirmações comprometedoras de Cavalcante. Numa delas, o ex-representante do governo teria dito que repassou a Carlos Crusius, ex-marido da governadora, a quantia de R$ 400 mil. O dinheiro, angariado junto a duas indústrias de fumo, teria sido utilizado para quitar a casa comprada pelo casal em bairro nobre de Porto Alegre. As denúncias atingem também uma empresa de publicidade, que atualmente presta serviços ao governo estadual. Ela é acusada de custear recepções, passagens aéreas e despesas do diretório de campanha da chapa tucana.
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