Corte de verba é questão técnica
O líder do governo na Assembléia Legislativa, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), duvida que a iniciativa da oposição alcance resultado porque, segundo ele, o corte do repasse de recursos para Curitiba é uma questão técnica e não tem motivação política. A Secretaria do Tesouro Nacional é que estaria impedindo a liberação de financiamentos para a prefeitura da capital por inadimplência junto ao governo.
Segundo Romanelli, a suspensão dos repasses logo após a eleição não tem relação nenhuma com o fato do prefeito Beto Richa (PSDB) ter apoiado a candidatura de Osmar Dias ao governo do estado em vez de trabalhar pela reeleição de Requião. "Não entendo como retaliação do governador. Basta ver o que o estado liberou e continua liberando para Curitiba de recursos a fundo perdido, que são muito mais importantes para o município do que financiamentos."
A oposição decidiu aproveitar a idéia do governador Roberto Requião (PMDB) de unir as forças políticas do Paraná para tentar suspender a multa mensal de R$ 10 milhões cobrada pela União para iniciar uma nova mobilização suprapartidária. Só que desta vez o alvo é o próprio governador, por cortar os repasses de recursos à prefeitura de Curitiba.
Senadores, deputados, vereadores da capital e o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), pretendem se reunir na próxima semana para pressionar Requião a liberar os recursos do Fundo de Desenvolvimento Urbano (FDU) bloqueados pelo governo do Paraná desde outubro de 2006.
Os recursos do FDU que não entraram nos cofres da prefeitura impedem a execução de 18 obras em Curitiba. São R$ 64 milhões em convênios para financiar obras como o Hospital Geriátrico, o Anel Viário e a pavimentação de ruas.
O líder da oposição, Valdir Rossoni (PSDB), que esteve em Brasília na última quarta-feira integrando a comitiva suprapartidária de deputados federais, estaduais e senadores para defender a suspensão da multa que prejudica as finanças do Paraná, disse que espera reciprocidade do governador ao movimento, assim como o apoio que recebeu da oposição.
Na reunião em Brasília para discutir uma solução para o problema, Valdir Rossoni e o senador Osmar Dias (PDT) cobraram de Requião a liberação dos recursos para Curitiba. Ouviram a justificativa de que o governo vem retendo verbas porque a capital estaria inadimplente em razão de dívidas contraídas pela prefeitura com o estado há mais de 30 anos, durante a implantação da Cidade Industrial de Curitiba. "Essa alegação não corresponde à verdade. Curitiba está com as contas em dia, com a certidão negativa do Tribunal de Contas, e não tem problemas com o Tesouro Nacional", afirma Rossoni.
Para o deputado, a questão pode ser resolvida politicamente com uma mobilização de todas as correntes e partidos. Num primeiro momento, Rossoni pretende reunir na Assembléia os deputados estaduais, os vereadores da capital e o prefeito Beto Richa para discutir o problema. Em seguida, o líder da oposição quer chamar os prefeitos dos municípios que estão enfrentando o mesmo problema de Curitiba, com repasses cortados pelo governo do estado. "Queremos levar o resultado da discussão para o governador. Espero que seja uma reunião tão harmônica quanto a que ocorreu em Brasília", afirmou Rossoni.
Para o senador Osmar Dias, uma nova mobilização, nos mesmos moldes da que houve em Brasília para ajudar o estado pode ser realizada em defesa de Curitiba. "Vamos ajudar Curitiba, já que estamos com espírito público. Vou falar sobre isso com o Beto Richa. O estado também tem de ter boa vontade e fazer o mesmo para com a capital", disse.
O argumento usado pelo governo para explicar o corte no repasse de recursos também não convence o senador. "A dívida da Cidade Industrial, que o Requião usa para dizer que Curitiba está inadimplente, está subjudice e não foi adquirida após as eleições do ano passado. Então, por que o governo suspendeu investimento de até R$ 64 milhões para Curitiba, já assinados, inclusive?", questiona.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura