A oposição criticou nesta sexta-feira (2) as propostas contidas na resolução do PT que guiará os debates no 4º Congresso Nacional do partido, que começou nesta sexta-feira (2) e vai até este domingo. O documento resgata a bandeira petista de aprovar no Congresso um marco regulatório para controlar os meios de comunicação e mostra preocupação em afastar a pecha de "corrupto" do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"O PT está certo, o governo Lula não foi corrupto, foi super corrupto", diz o líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO). "O PT demonstra que a vida do partido nos últimos anos é virtual. Ignorar que (o governo passado) foi um período corrupto na vida pública do País é não enxergar a vida real", completou o líder do PSDB, senador Álvaro Dias (PR).
O democrata e o tucano lembraram episódios marcantes da gestão passada, como o mensalão e as sucessivas denúncias de irregularidades na Casa Civil, que levaram à substituição de dois ministros na pasta mais importante da Esplanada. Dias ressalta que a denúncia de pagamento de mesada a aliados em troca de apoio no Congresso foi tão simbólica, que deu origem à "marca mensalão".
O líder do DEM na Câmara, Antônio Carlos Magalhães Neto (BA), questionou a tentativa do PT de dizer que um governo é menos corrupto que o outro. Ele lembra que a presidente Dilma Rousseff é tão responsável quanto Lula pelas irregularidades do governo passado, já que no comando da Casa Civil, era o seu braço direito no Planalto. "A responsabilidade do presente e passado deve ser compartilhada entre os dois", afirma.
Mídia
A resolução petista também atribui as turbulências no governo, que provocaram demissões na Esplanada, à oposição e à "mídia conservadora", ressaltando a necessidade de discutir no Congresso um marco legal responsável pelo controle e fiscalização dos meios de comunicação.
"É o viés autoritário e pouco democrático do PT que tenta calar a imprensa e limitar a liberdade de expressão no Brasil", reagiu ACM Neto. "O PT quer evidentemente censurar a imprensa a pretexto da revista Veja ter publicado as artimanhas do José Dirceu", completou Demóstenes, em alusão à matéria que revelou o "governo paralelo" mantido pelo ex-ministro e réu do mensalão num hotel de luxo em Brasília.
Para ACM Neto, a concentração de poderes nos petistas fez com que se achassem "tão fortes" a ponto de não tentaram calar a imprensa. "Mas não vejo no Congresso nenhuma possibilidade de isso avançar", afirmou. "Cabe a um Brasil democrático repudiar as intenções do PT que, em última instância, são as intenções do próprio governo", arrematou Demóstenes.
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