| Foto: LULA MARQUES/Agência PT

As reações de deputados e senadores pelos salões da Câmara e do Senado após a deflagração do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff mostraram a divergência entre os dois lados. Enquanto governistas classificaram a decisão como uma chantagem e uma retaliação feita pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), contra o governo, oposicionistas aplaudiram a decisão, disseram que ela é legítima e esperada.

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“É uma chantagem ao Estado democrático de Direito. Isso está claro”, disse o líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE). Para o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT-PE), Cunha tomou a decisão para retaliar o governo por ter perdido o apoio do PT no Conselho de Ética, colegiado que analisa um processo de cassação contra ele.

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“Parece que havia uma tentativa de que o PT viesse a proteger quem quer que seja e aí acho que a decisão da bancada elimina essa pressão que havia. Cada cidadão brasileiro tem condição de avaliar. Acho que foi uma retaliação e acho que é algo muito pequeno para alguém que tem um cargo tão relevante para o país”, disse.

O líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), criticou a decisão de Eduardo Cunha e afirmou que o PT “está pronto para a guerra”. “E nós vamos disputar essa guerra no voto”.

Já o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, principal partido de oposição ao governo, afirmou que o processo de impeachment é legítimo e não pode ser classificado como uma tentativa de golpe.

“Temos denunciado as ilegalidades do governo, as ilegalidades cometidas na campanha eleitoral, as irresponsabilidades cometidas até mesmo hoje aqui ao alterar a 25 dias do final do ano a meta fiscal proposta por ele [governo] próprio esse ano. Nós apoiamos a proposta do impeachment para que ele tramite normalmente aqui. Isso não é golpe. Estou falando de algo que está previsto na Constituição. Não posso antecipar resultados mas o nosso sentimento é de que esse tema será debatido no Congresso Nacional com os olhos na sociedade”, disse.

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Para Aécio, Dilma cometeu crime de responsabilidade. “Há algo que precisa ser resolvido no país. Podemos dar salvo conduto à presidente pela importância do cargo para que ela continue cometendo os crimes de responsabilidades fiscais ou eventualmente crimes eleitorais, ou no Brasil a lei é para todos? É essa questão que estará em julgamento no Congresso Nacional”, completou.

Para o tucano, o fato de Cunha ter deflagrado o processo no mesmo dia em que deputados do PT decidiram não apoiar Cunha no Conselho de Ética não deslegitima o processo. “Quanto às motivações, obviamente caberá a ele [Cunha] externá-las. Nós do PSDB estamos absolutamente serenos com o nosso comportamento em todo esse processo”, disse.

O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), avaliou que o processo reforça o papel institucional do Congresso. Para ele, após a instalação do processo, o cenário político e econômico do país deve melhorar.

“Uma vez autorizado a comissão e o encaminhamento da votação ao plenário da Câmara teremos um momento extremamente alentador. Estamos devolvendo à Câmara a prerrogativa de investigar a presidente. As pessoas vão acreditar na segurança jurídica, na perspectiva de um plano de governo, na escolha de ministros capacitados e em uma unidade política capaz de reerguer país dessa crise”, afirmou.