Depois de constatar que o governo está paralisado e que há um espaço vazio a ser ocupado, os partidos de oposição criaram um fórum de acompanhamento permanente da crise. A partir de agora, PFL, PSDB, PPS, PDT e PV terão reuniões freqüentes para traçar ações em comum no Congresso e especialmente nas CPIs em funcionamento. O primeiro consenso do grupo foi rejeitar a possibilidade de apresentarem um pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Todos concordaram que faltam dois ingredientes básicos para essa medida: apoio popular e comprovação jurídica da responsabilidade do presidente.
- Impeachment não se propõe à sociedade. Espera-se a sociedade propor aos partidos em cima de fatos jurídicos incontestáveis. Mas não é tabu. Não pedimos agora pela falta desses requisitos - ponderou o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM).
O deputado Roberto Freire (PE), presidente do PPS, disse que os representantes dos partidos presentes avaliaram que o afastamento de Lula "não está na ordem do dia". Na reunião, o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) sintetizou a avaliação da maioria sobre a situação do governo Lula hoje:
- O governo acabou e temos de ver como não deixar o país naufragar nesse ano e meio que sobra - disse.
Na agenda da oposição, há prioridade para as investigações das CPIs e a intenção de apressar a abertura de processos de cassação no Conselho de Ética da Câmara. Os parlamentares da oposição que integram as comissões de inquérito devem se reunir sempre no início da semana para definir uma forma conjunta de atuação. Também há preocupação com a idéia de que o país está acéfalo e a Câmara paralisada pela falta de votações.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”