A oposição articula o lançamento de uma candidatura à presidência do Senado contra o atual presidente, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que pretende disputar a reeleição em 1º de fevereiro. A intenção dos oposicionistas é apoiar um dissidente da base aliada, de preferência do PMDB. Um dos nomes mais fortes é o do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), considerado um dissidente dentro do próprio partido.
"Teremos candidato nosso. Com certeza. Será de um partido da base para somar votos", afirmou o líder do DEM, senador José Agripino (RN).
Ferraço ganhou exposição nacional quando, como presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, participou da operação para trazer ao Brasil o senador boliviano Roger Pinto Molina, que estava asilado na embaixada brasileira em La Paz.
Um dos articuladores de uma candidatura contra Renan é o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que pretende liderar a oposição, após ter disputado a Presidência da República. O líder do PSDB, senador Aloysio Nunes (SP), disse que a bancada se reunirá antes do fim do recesso, em 1º de fevereiro, para bater o martelo. Ele deixou claro que o partido deseja participar ativamente do processo de escolha do presidente da Casa.
"O candidato tem que ser escolhido dentro do PMDB. E espero que o PMDB o faça consultando as demais bancadas. Vamos enfrentar um ano difícil, então seria bom que fosse um nome com respaldo político", disse o líder tucano.
Favorito, Renan deve ser aprovado pela bancada peemedebista como o candidato oficial do partido e receberá apoio do Palácio do Planalto. Outra candidatura do PMDB seria lançada de forma avulsa. Questionado se Renan não teria esse "respaldo político", Aloysio Nunes foi cauteloso. "Não faço nenhuma exclusão a priori", afirmou.
A oposição quer lançar um candidato do PMDB não só para angariar apoios na base aliada, mas também para respeitar a regra da proporcionalidade, que dá à maior bancada o direito à presidência. Seria uma forma de evitar retaliações, em caso de derrota, como a perda de cargos na Mesa Diretora e a presidência de comissões.
Apesar de a Executiva do partido ter adotado uma postura de independência em relação ao governo, a bancada do PSB deve apoiar Renan.
"Na eleição passada fizemos uma articulação contra o Renan, e o primeiro a garantir sua eleição foi o PSDB. O Senado é diferente da Câmara, é um eleitorado pequeno, os votos são contados a dedo. A questão é o que pretende esse movimento. Se for apenas contra o Renan, não vale a pena", disse a líder do PSB, senadora Lídice da Mata (BA).
Diferentemente da Câmara, onde há uma campanha aberta pelo comando da Casa, no Senado as conversas, por enquanto, só acontecem nos bastidores. Nem Renan se lançou oficialmente para a disputa.
Procurado, Ferraço não retornou a ligação. Integrantes da oposição dizem que ainda não foi sacramentado como candidato e também cogitam, por exemplo, o senador Luiz Henrique (PMDB-SC), também da ala independente. Luiz Henrique foi cogitado para disputar contra Renan há dois anos, mas não aceitou.
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