Relator defende suspensão de "CPI do Apagão"
O relator do pedido de suspensão da CPI do Tráfego Aéreo, deputado Colbert Martins (PMDB-BA), decidiu acolher o recurso do PT na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e defenderá em seu relatório a não-instalação da comissão.
O documento do deputado foi finalizado na manhã desta quarta-feira (14), minutos antes da sessão extraordinária que a CCJ convocou para discutir o assunto. Martins disse que alegará que o pedido de CPI não cumpre requisitos como fato determinado, tempo de duração e número de membros. "Há problemas no fato determinado e em questões regimentais", disse.
Governistas impedem CPI do caos aéreo
O governo conseguiu nesta quinta-feira (9) impedir a instalação, na Câmara, da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) proposta por deputados do PSDB para investigar causas, conseqüências e responsáveis pelo caos instalado no sistema aéreo brasileiro depois do acidente entre um Boeing da Gol e um jato Legacy, em 29 de setembro de 2006.
A oposição voltou à carga nesta segunda-feira contra a tentativa do governo de evitar a instalação da CPI do Apagão Aéreo. A ofensiva acontece no mesmo dia em que usuários voltaram a enfrentar transtornos nos aeroportos. Segundo o líder do PFL na Câmara, Onyx Lorenzoni (RS), o governo não quer a CPI porque tem medo de que ela traga a público irregularidades que teriam ocorrido na Infraero, estatal que administra os aeroportos. O pefelista acusou a estatal de financiar campanhas de governistas. Segundo ele, para provar as irregularidades, a oposição quer cruzar relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) com os financiamentos.
- O que há de impropriedade na Infraero salta aos olhos. Se cruzarmos o relatório do TCU e o financiamento de candidatos, principalmente petistas, talvez possamos fazer algumas ilações - afirmou o pefelista.
Onyx e um grupo de parlamentares da oposição se reuniram nesta segunda-feira com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), para propor uma trégua na disputa com os governistas em torno da CPI. Pela proposta, a oposição desistiria da obstrução das votações em troca de a base aliada adiar a votação do recurso de efeito suspensivo apresentado pelo PT na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) até que o Supremo Tribunal Federal (STF) se pronuncie sobre a matéria.
Os líderes da base, no entanto, recusaram a proposta. O líder do governo, José Múcio Monteiro (PTB-PE), disse que a base aliada não teria como recuar depois de ter insistido tanto na apresentação do recurso à CCJ.
- Se não fizéssemos isso, passaríamos a impressão de que não estávamos defendendo uma coisa correta, de que não estávamos acreditando naquele tese. Vamos manter a votação do recurso amanhã na CCJ e depois poderemos até abrir negociação com a oposição, mas agora não - afirmou.
Segundo o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), o processo já está bem avançado na CCJ, inclusive com a leitura do relatório favorável ao recurso. O líder disse que a base aceita analisar a proposta da oposição só após a votação na CCJ, antes de levar a matéria ao plenário da Câmara.
- Entre a CCJ e o plenário podemos voltar a conversar - afirmou.
Com a decisão da base, a oposição deve manter a estratégia de obstruir as votações. Ela teme que uma decisão da CCJ acabe levando o STF a não querer interferir na decisão do Congresso. O líder do PSDB, Antonio Carlos Pannunzio (SP), avisou que a oposição não vai aceitar uma suposta manobra que estaria sendo arquitetada pelo governo para garantir que a decisão da CCJ seja mantida em plenário. Segundo ele, o governo prepara um parecer jurídico nesse sentido.
Contudo, para mostrar que a oposição não é contra as medidas provisórias do PAC, Lorenzoni informou que o deputado Fernando de Fabinho (PFL-BA), relator da MP 347, vai divulgar ainda nesta segunda-feira seu parecer. A MP trata da capitalização da Caixa Econômica Federal em R$ 5,2 bilhões. O PFL é o único partido da oposição que tem uma relatoria do PAC.
Atraso de vôos faz Câmara adiar votações
Para os líderes da oposição, os últimos atrasos nos aeroportos só reforçam a necessidade de investigação do setor. Por falta de quorum, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, encerrou a sessão extraordinária que começou às 18h30m. No momento do encerramento, pouco mais de 200 deputados haviam registrado presença no painel eletrônico.
- A oposição fez um gesto de boa vontade. Mostrou que há espaço para o diálogo, mas a verdade é que não há quórum porque os deputados não chegaram e o governo não mostrou nenhum avanço positivo no setor aéreo. Não há nenhuma ação específica do governo e ele continua omisso e acomodado - disse Onyx.
Chinaglia marcou uma sessão de votações para o início da noite desta segunda, em conseqüência dos atrasos dos vôos . A Ordem do Dia começaria às 16h.
A oposição também pediu a Chinaglia que responda o mais rapidamente possível ao pedido de informações feito pelo relator do mandado de segurança apresentado pela oposição no STF, ministro Celso de Mello. Somente nesta segunda-feira o pedido do relator chegou a Chinaglia.
Senado "sem clima" para CPI mista
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta segunda que não "há muito clima" na Casa para a instalação de uma CPI mista para investigar os problemas do setor aéreo. Segundo ele, a prioridade é discutir a agenda de votações e desobstruir a pauta do Senado, o que é uma "obrigação da Casa".
- Não quero predizer o futuro mas, amanhã, vamos reunir os líderes e conversar um pouco sobre essas questões do dia-a-dia, programar a semana, discutir a obstrução posta pela oposição. Não há muito clima de investigação aqui.
Nesta reunião, o presidente vai discutir a obstrução defendida pela oposição no fim da semana passada, em virtude do veto que o presidente Lula fará à Emenda 3 do projeto da Super-Receita.
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