A base aliada do governo na Câmara continua rebelada e obstrui as votações desde quarta-feira. Nesta quinta, à exceção do PSOL, todos os partidos aliados e de oposição entraram em obstrução no plenário da Câmara. A iniciativa impediu a votação do projeto de decreto legislativo que aprova o texto do tratado de extradição entre o Brasil e a China. Por conta disso, a sessão teve que ser encerrada.
O movimento foi encabeçada pelo PR, que está insatisfeito com o tratamento da presidente Dilma Rousseff às denúncias contra o Ministério dos Transportes, comandado pela legenda, e foi seguida pelos demais partidos da base. O PR junto com o PMDB, PP PTB e PST criaram um bloco informal, com cerca de 200 deputados para barrar todas as votações na Casa até terça-feira, quando haverá a reunião dos aliados com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti.
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), avaliou que alguns fatores tem despertado a insatisfação dos aliados, como a demora na liberação de emendas parlamentares, o desconforto por acharem que o governo não valoriza a Câmara, e a maneira como a Polícia Federal atuou no Ministério do Turismo, ao prender ontem mais de 30 pessoas envolvidas em denúncias de fraudes. Ele também citou a resistência ao conteúdo da Medida Provisória (MP) 532, que estava em votação. A MP atribui à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a fiscalização e regulamentação do setor produtivo de etanol.Crise
Apesar dos fatores, Vaccarezza minimizou a crise entre o governo e a base parlamentar que culminou na obstrução das votações na Câmara. Ele afirmou que, ontem, houve um estresse na base por uma conjunção de fatores e que em torno de 150 deputados aliados não estavam dispostos a votar nada. Por isso, ele achou melhor não forçar a votação da MP 532. "Na próxima terça-feira, nós vamos votar a MP. Essa conjunção de fatores já se diluiu", disse.
Vaccarezza, no entanto, disse que não houve nenhuma ação objetiva que o governo tenha tomado para desfazer esse estresse. Segundo ele, o governo apresentará o calendário de liberação de emendas no momento oportuno e acrescentou que as emendas compatíveis com os programas do governo estão sendo liberadas. "Ontem, o que detonou foi o clima", disse, referindo-se ao movimento da base de não querer votar nada. "Esse clima pode se repetir a qualquer momento. Quando acontecer, vamos avaliar", continuou.
Vaccarezza ainda fez vários elogios à base aliada, afirmando que nunca um presidente, nem mesmo Lula, teve uma situação de tanta tranquilidade com a base como a presidente Dilma Rousseff. "Não teve nenhum presidente da República com a base tão leal como a da presidente. Por isso, não ter votado ontem não altera nada". Na sua avaliação, a base ontem quis dar uma demonstração de força.
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