Saúde
Youssef é novamente internado para tratar problemas cardíacos
Euclides Lucas Garcia, com agências
O doleiro Alberto Youssef deixou a carceragem da Polícia Federal, no bairro Santa Cândida em Curitiba, na quarta-feira para ser internado em um hospital pela quinta vez desde que foi preso, em março. De acordo com o advogado do doleiro, Antônio Figueiredo Basto, a remoção foi pedida pela defesa e autorizada pelo juiz Sérgio Moro, responsável pelos casos da Operação Lava Jato.
Segundo boletim divulgado às 11 horas de ontem pelo Hospital Santa Cruz, Youssef "apresenta bom estado geral, [está] consciente, [e foi] internado para realização de exames cardiológicos complementares de controle". O documento é assinado pelo cardiologista Rubens Zenobio Darwich.
O doleiro não se sentiu mal nem precisou ser levado às pressas à unidade de saúde, mas passará pelo menos dez dias sob cuidados médicos, fazendo exames. Segundo Figueiredo Basto, Youssef apresenta um quadro de desnutrição e, além da escolta policial, terá a companhia de um parente. "Vamos ver se ele se recupera nesse período. Se isso não acontecer, pediremos a ampliação do tempo de permanência no hospital por mais dez dias", adiantou. O advogado solicitou que seu cliente fosse levado para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, mas não obteve autorização.
A oposição no Congresso Nacional prepara um relatório paralelo, que será apresentado na CPI mista da Petrobras, em que pedirá o indiciamento de delatores do esquema, de políticos e empresários acusados de envolvimento com os desvios de recursos da Petrobras.
O texto, que está sendo costurado pelo deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), não deve recomendar punição à presidente Dilma Rousseff, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, por "falta de elementos", segundo o tucano. A situação do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, ainda não foi definida.
A oposição vai defender o indiciamento dos delatores do esquema: Paulo Roberto Costa, ex-diretor da estatal, e o doleiro Alberto Youssef. Também estão na lista o deputado Luiz Argôlo (SD-BA) e o ex-deputado André Vargas (ex-PT-PR), que são ligados ao doleiro. Serão incluídos na lista empresários que acertaram delação premiada, como Júlio Camargo e Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, executivos da Toyo-Setal.
A oposição se movimenta para tentar derrubar o relatório final da CPI, apresentado na quarta-feira pelo deputado Marco Maia (PT-RS). O relatório do petista terceiriza para outras autoridades o pedido de punições aos suspeitos de envolvimento no esquema.
No documento, o relator cita 53 nomes que surgiram durante a Operação Lava Jato, mas não pede o indiciamento de nenhum deles.
"O simples fato de o relator não ter pedido o indiciamento de quem quer que seja, inclusive daqueles que comprovadamente estão envolvidos, demonstra a fragilidade do relatório", afirmou Sampaio. "O relatório deixou a desejar, pegou leve demais numa investigação séria com consequências graves, então estamos apresentando relatório paralelo", completou.
Em relação a Vaccari Neto, o tucano ressaltou que o petista foi citado pelos delatores. O relatório paralelo será entregue na quarta-feira, dia 17, mas a base governista tem maioria para rejeitar a proposta.
Vargas diz que seu caso é insignificante "diante da Petrobras"
O deputado cassado André Vargas (sem partido-PR), que perdeu o mandato na quarta-feira em razão de ligações com o doleiro Alberto Youssef, afirmou que seu caso é "insignificante" diante dos "crimes da Petrobras". "Me sinto injustiçado, pois, além de não ter tido meu direito de defesa, fui cassado em função de voo que até o momento nem inquérito no Supremo virou", afirmou. Ele deixou o PT após a revelação que usou um jatinho pago pelo doleiro. "Ceifaram 25 anos de vida pública com resultados positivos, visíveis no Paraná e no Brasil", afirmou. "Estou triste, muito triste, mas tenho certeza que este critério severo servirá para julgar aqueles casos que virão à tona o ano que vem". Vargas perdeu o mandato por 359 votos a favor, seis abstenções e um voto contra, de José Airton (PT-CE).
Luiz Argôlo
A Câmara deve encerrar o ano sem votar o pedido de cassação de Luiz Argôlo (SD-BA) por quebra de decoro. Ele é acusado de envolvimento com Alberto Youssef. O parlamentar conseguiu postergar a votação em plenário com um recurso paralisado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
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