Insatisfeita com as explicações dadas por Antonio Palocci sobre a multiplicação de seu patrimônio em 20 vezes nos últimos quatro anos, os partidos de oposição vão insistir na convocação do ministro-chefe da Casa Civil na Câmara e no Senado. Só em 2010 ele faturou R$ 20 milhões com a empresa de consultoria, a Projeto. Ao mesmo tempo, a oposição tenta obter as assinaturas para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o ministro.
A avaliação da oposição e da base é que a situação de Palocci se agravou ainda mais com a denúncia publicada pela revista Veja de que o apartamento de 640 metros quadrados que o ministro aluga, em São Paulo, seria de empresa dirigida por laranjas - um deles de 23 anos e o outro de 17. "Isso complicou a situação dele", admitiu o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE). "Cada hora ele tem de dar uma explicação", completou.
Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Eunício disse que vai pôr em votação na quarta-feira os dois requerimentos de convocação de Palocci. "Não vou ficar mal com os meus colegas porque o governo não põe gente lá na CCJ", afirmou. Eunício defendeu que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, decida logo sobre a abertura ou não de inquérito para investigar o ministro.
Além da convocação, a oposição trabalha com a hipótese de obter assinaturas para a criação da CPI. O otimismo é maior no Senado, onde já foram obtidas 19 adesões à comissão - são necessárias 27 assinaturas de senadores. "Como a entrevista do ministro foi deplorável, e agora com essa história do apartamento, a nossa esperança é que vários senadores assinem o pedido de CPI", disse o líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR).
Na Câmara, a estratégia da oposição é tentar manter a convocação de Palocci aprovada na semana passada na Comissão de Agricultura. O líder do DEM, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), afirmou que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) caso o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), decida anular a votação que aprovou a convocação. "Vamos entrar com um mandado de segurança com pedido de liminar no Supremo para fazer valer essa convocação do Palocci. Não aceitamos fazer uma nova votação", disse ACM Neto.
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