Brasília (Folhapress) A oposição adotará hoje nos dois depoimentos de Antônio Palocci (Fazenda) à Câmara dos Deputados tática diferente da usada na fala do ministro no Senado, na semana passada. Hoje, PSDB e PFL abordarão as acusações de corrupção no governo, mas dizem que deixarão de fora tudo o que se refere ao seu período como prefeito de Ribeirão Preto.
O objetivo é não esvaziar a CPI dos Bingos, que pretende aprovar hoje a convocação de Palocci. No Senado, a oposição evitou tocar no tema corrupção também com o mesmo objetivo.
O ministro depõe hoje pela manhã na Comissão de Finanças, em que certamente será inquirido duramente pela oposição a respeito das acusações.
Para a tarde, está previsto um depoimento mais técnico, à comissão especial que analisa a proposta de emenda constitucional que cria o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), quando também poderá ouvir perguntas constrangedoras.
"Tudo o que se refere ao período de Palocci como ministro da Fazenda será objeto de nossas perguntas. Seja economia, seja assuntos relacionados à crise ética", declarou o líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman (SP).
Isso poderá incluir, por exemplo, pagamentos da Visanet, operadora de cartões de crédito que tem como sócio o Banco do Brasil, ao publicitário Marcos Valério de Souza. O dinheiro, aponta a CPI dos Correios, acabou irrigando os cofres do PT. "Não vamos nos ater somente à política macroeconômica", declarou o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ).
Ficará de fora somente o que estiver ligado às gestões de Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto ou que diga respeito a atividades de seus assessores. Assim, de acordo com a estratégia elaborada por tucanos e pefelistas, não haverá menção, por exemplo, à suspeita de que dinheiro cubano abasteceu a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002.
Segundo Goldman, a oposição não quer correr o risco de esvaziar um possível depoimento de Palocci à CPI dos Bingos. "A ação de Palocci antes de 2003, vamos deixar para a CPI", disse o tucano. O governo vê como inevitável que se trate do tema corrupção, mas prepara-se para tentar proteger como pode o ministro.
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