A oposição pediu nesta segunda-feira (27) a abertura de um inquérito civil público na Procuradoria-Geral da República para investigar uma escala da presidente Dilma Rousseff em Portugal, no sábado (25). Na representação, o PPS solicitou que o Ministério Público Federal avalie se houve improbidade administrativa diante dos gastos da comitiva presidencial durante a parada que não estava prevista na agenda oficial divulgada pela Presidência.Dilma fez uma escala em Portugal quando voltada da viagem à Suíça, onde participou do Fórum Econômico Mundial, em Davos, antes de chegar a Cuba no domingo.
Sem compromissos oficiais em Lisboa, Dilma jantou no Eleven, um dos três únicos restaurantes da cidade a ter uma estrela no guia Michelin', e ficou hospedada no Ritz Four Seasons, um dos mais luxuosos da capital.
A presidente ficou cerca de 15 horas em Portugal. Uma parte da equipe ficou no mesmo hotel que ela. Outra, no Tívoli. No Ritz, o valor das diárias vai de 360 euros (R$ 1.188) para o quarto comum a 8.265 euros (cerca de R$ 27 mil) para a suíte presidencial.
Para o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), a despesa foi "desnecessária e divorciada do interesse público, o que poderia caracterizar, pelo menos em tese, ato de improbidade administrativa". "É um gasto desnecessário com hotéis e restaurante luxuosos num momento em que o país sofre com a volta da inflação, a elevação dos juros, a desconfiança interna e externa e um crescimento econômico medíocre". Ele disse ainda que o Planalto precisa explicar porque a comitiva não ficou na embaixada do Brasil em Lisboa."O fato de não ter qualquer compromisso oficial em Lisboa não justifica esse gasto excessivo, o que exige a instauração de inquérito civil público para apurar se ele foi mesmo necessário", completou.
Essa é a segunda movimentação de partidos da oposição em relação à viagem de Dilma. Ontem, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse que iria pedir informações ao Executivo sobre os gastos com a escala para eventualmente tomar providências.
Em nota, a Presidência da República afirmou que a parada técnica em Lisboa foi "adequada" porque o Airbus presidencial não tem autonomia para voar da Suíça a Cuba, onde Dilma cumpre agenda a partir de hoje.O chef do restaurante escolhido por Dilma em Lisboa é o alemão Joachim Koerper, 61, que divide seu tempo entre Portugal e o Rio de Janeiro. Em terras cariocas, é o responsável pelas cozinhas do Enotria, na Barra da Tijuca, e do Enoteca Uno, no centro.
Orgulha-se de dizer que é o único agraciado pelo Michelin' em atividade no Brasil. Apesar disso, não é tão conhecido no Rio quanto outros chefs estrangeiros, como Claude Troisgros. Casado com uma paraense, Koerper costuma usar ingredientes brasileiros em suas receitas.